(Crónica da edição de 23 de Janeiro de 2011)
1. Os leitores do PÚBLICO que se interessam por futebol habituaram-se a encontrar, nas páginas de desporto do jornal, e no próprio dia da realização dos jogos, uma antevisão dos encontros que envolvem os clubes ditos “grandes” da Liga portuguesa — conceito que inclui o Benfica, o FC Porto e o Sporting e pode estender-se a outros, como aconteceu durante uma parte da época passada com o Braga. Essa antevisão — que integra normalmente um gráfico com a imagem de um campo de jogo, os nomes do árbitro e dos prováveis titulares de cada equipa, e o horário e estação televisiva em que a partida será transmitida — destina-se a enquadrar a importância do jogo no âmbito da competição e a destacar as apostas de cada clube, geralmente através de declarações dos seus treinadores. Dela constam ainda, com frequência, referências a jogadores lesionados ou castigados, previsões tácticas e outros elementos com que os leitores aficionados gostam de municiar-se antes de uma ida ao estádio ou de uma transmissão televisiva.
Contando com esse serviço por parte do seu jornal, os leitores a que me refiro não aceitam de bom grado a ausência pontual dessa antevisão, especialmente quando está em causa um jogo do clube da sua preferência. A leitora Alda Nobre, de Lisboa, já se queixara da ausência de informação acerca de um embate entre o FC Porto e o Leiria no dia 25 de Outubro, ao contrário do que sucedera na véspera com os rivais Benfica e Sporting. E voltou a protestar na manhã do último domingo — sendo desta vez seguida por outros leitores — contra a inexistência de uma notícia, na edição desse dia, sobre o confronto entre o FC Porto e a Naval. “Sem direito a informação prévia sobre um jogo que pretendo ver na televisão” (“nem uma linha, nem uma miserável linha”, salientava), mostrava-se “desapontada” com a “parcialidade do PÚBLICO”, que nesse mesmo dia antecipava o encontro que iria opor o Benfica à Académica.
Confrontado com o primeiro caso, Jorge Miguel Matias, editor do Desporto, considerou na altura que “a leitora tem razão”, por não ter “culpa de o jornal não ter páginas suficientes para todas as notícias”. Sustentou que se tratara de “falta de espaço”, detalhando os motivos editoriais e técnicos da decisão tomada. Quanto à edição do passado dia 16, o mesmo editor aponta causas diferentes para a falta de uma notícia sobre o FC Porto. A saber: o treinador deste clube fizera declarações na antevéspera (e não na véspera) do jogo, e estas foram noticiadas no dia 15, pelo que não teria havido “omissão da antevisão”. E não foram acompanhadas do habitual gráfico com a previsão do plantel porque nessa altura o FC Porto ainda não dera a conhecer a lista dos jogadores convocados. Esse gráfico, por sua vez, não foi publicado a 16 (dia do jogo) porque “não faria sentido” fazê-lo “sem que ele fosse acompanhado por qualquer texto que o enquadrasse”.
A invocação da “falta de espaço” num caso concreto é sempre discutível, mas arriscam-se a ser frágeis conclusões que não resultem da verificação de um padrão de selecção editorial. Já a explicação dada para o sucedido no passado domingo me parece mais difícil de aceitar. O PÚBLICO adoptou há muito a regra de fazer a antevisão dos jogos dos chamados “grandes” no dia em que estes se disputam. O facto de o treinador do FC Porto já se ter pronunciado sobre o desafio não impedia a redacção de um texto de antecipação (como aconteceu, nessa edição, em relação ao Benfica), nem justifica que não tenha sido dada a conhecer aos leitores a lista de convocados entretanto disponível.
Estes dois casos, separados entre si por quase três meses, não constituem amostra suficiente para que se possa falar em “parcialidade”. Mas aconselham uma maior atenção a critérios de equilíbrio e isenção no tratamento de grandes emblemas rivais. E julgo que têm toda a razão os leitores que se queixam de não terem encontrado “nem uma linha”, no último domingo, sobre o jogo que o FC Porto iria disputar.
2. Afinal Mark Zuckerberg viu ou não o filme inspirado na sua própria história? A questão não será muito relevante, e se é aqui chamada é porque o PÚBLICO escolheu na passada terça-feira o título “Será agora que o fundador do Facebook vai ver A Rede Social?” para uma chamada de capa à peça que o caderno P2 dedicou à cerimónia de atribuição dos “Globos de Ouro”, em que o prémio para “melhor filme dramático” coube à obra de David Fincher sobre o Facebook e o seu criador.
Afirmava-se, nesse texto, que Zuckerberg se recusara a ver o filme, o que causou estranheza ao leitor José Paulo Andrade, do Porto, que tinha lido o perfil do fundador do Facebook publicado pela revista Time quando, em Dezembro, o escolheu para “personalidade do ano” de 2010. E por aí se inteirara de que “Zuckerberg viu o filme em cinema alugado para si e seus colaboradores” e dos comentários que fez após o visionamento.
O leitor tem razão ao apontar o erro, que a editora do P2 Paula Barreiros explica ter tido origem em informações divulgadas em Outubro, aquando da estreia do filme nos Estados Unidos, segundo as quais “Zuckerberg assumiu que não iria ver o filme”. Isto num contexto em que, como recorda o autor do texto do PÚBLICO, Jorge Mourinha, “a estratégia de Zuckerberg e do Facebook relativamente ao filme” fora “a de o ‘ignorar’ na medida do possível, (…) optando por considerá-lo como uma ‘obra de ficção'”, em que o criador da rede social não se reconheceria. “Em artigos mais recentes na imprensa internacional, dos quais nem o autor do texto nem as editoras do P2 tinham conhecimento, [Zuckerberg] disse já ter visto [o filme]”, acrescenta Paula Barreiros, concluindo: “Tentamos sempre confirmar toda a informação. Neste caso, infelizmente, jornalista e editores partiram de um pressuposto errado”.
O erro ficou pois a dever-se a uma pesquisa incompleta e a uma informação não actualizada, e ganhou maior dimensão ao contaminar, a partir do tal “pressuposto errado”, um título de primeira página.
3. Outros erros ficam a dever-se, para além da falta de certos conhecimentos, a momentos de distracção ou enganos que uma edição e revisão cuidadas deveriam impedir. Terá sido o caso da notícia publicada na edição on line de 21 de Dezembro sobre o falecimento de Pôncio Monteiro. Nela se afirmava que o antigo dirigente do FC Porto “já tinha sido operado”, em 2006, “a uma lesão muscular intracerebral“. O leitor Tiago Mestre fez o comentário merecido: “Como médico e neurologista, fico espantado que um jornalista do PÚBLICO possa dar provas de ignorância e descuido anatómico ao considerar que o ser humano possa ter um músculo dentro do cérebro…”.
O editor Jorge Miguel Matias explica que se deveria ter escrito “lesão vascular” onde apareceu “lesão muscular“. Considera que se tratou de “uma gralha” e acrescenta: “Não foi detectada na edição online e, por esse motivo, não foi corrigida. Na edição em papel, escrita por outra pessoa, não foi utilizada a expressão”. E aproveita para pedir aos leitores que “indiquem a existência destas falhas nas notícias escritas no online (…) através da caixa de comentários”, pois “já sucedeu alguns leitores darem nota de erros nas notícias, permitindo a sua correcção online pouco depois”. É uma boa sugestão, que permite aos redactores do jornal beneficiar dos mais diversos conhecimentos especializados dos seus leitores, ainda que neste caso um mínimo de exigência torne difícil aceitar a classificação de “gralha”.
Problema diferente suscitado por este caso é o das correcções às notícias on line, que deveria merecer maior atenção aos responsáveis editoriais do PÚBLICO. Para que os erros não permaneçam na rede por tempo indefinido, para que sejam efectivamente corrigidos, e essas correcções sejam assinaladas. É um tema a que me parece importante voltar, e que hoje antecipo para referir que no momento em que escrevo (um mês depois…) essa antológica “lesão muscular” continua a figurar, impávida, na edição electrónica do jornal.
4. E há, ainda, os “erros” que afinal não o são. O leitor Celso Cunha viu uma fotografia antiga do Teatro Águia d’Ouro, no Porto, nas páginas do caderno Cidades (edição de 2 de Janeiro) e achou que estava perante uma imagem “manipulada”, porque “a metade direita é uma cópia exacta da metade esquerda, ou vice-versa”. “Não sei”, admitia, “se a manipulação foi efectuada no jornal ou, pelo contrário, a fotografia já foi adquirida assim”.
O leitor não se enganou a observar a imagem (usada para ilustrar um texto de Patrícia Carvalho sobre o recém-publicado segundo volume da obra As Casas da Música no Porto), mas precipitou-se na conclusão. Como explica Abel Coentrão, do Local Porto, a imagem — da autoria do pioneiro portuense da fotografia Domingos Alvão — “foi adquirida e arquivada pelo Centro Português de Fotografia, que a cedeu” para a obra referida. “Trata-se”, esclarece, “de uma fotografia estereoscópica, (…) técnica utilizada naquele tempo, em que dois instantâneos consecutivos eram fixados no mesmo negativo de vidro para serem visualizados numa máquina estereoscópica, ganhando um efeito de aparente tridimensionalidade. A imagem é, por isso, um documento histórico em si”. E, como documento histórico, o próprio protocolo que regula a cedência não autoriza qualquer alteração à sua integridade. Não foi, portanto, “manipulada”. “Se uma falha pode ser apontada ao PÚBLICO” neste caso, comenta com razão o responsável do Local Porto, é a de não terem sido assinalados estes dados “no momento da publicação”.
José Queirós
Documentação complementar
Antevisão de jogos do FC Porto
Carta da leitora Alda Nobre
Não sou uma seguidora ferrenha dos meandros e tricas do futebol português, mas sou adepta (quanto baste…) do FC Porto. Fiquei por isso profundamente indignada ao reparar, na edição de hoje, 25 de Outubro, do Público, na total ausência de qualquer informação, nas páginas de desporto, referente ao jogo Porto/Leiria de hoje. Nada. Nem um artigo/antevisão (por pequeno que fosse), com o procedimento habitual (reprodução do relvado com o nome dos jogadores das duas equipas e distribuição em campo, nome do árbitro, estádio onde o jogo se realiza, canal televisivo que o transmite e hora de início, etc); como é habitual e frequente nas páginas de desporto do Público e ao contrário do que foi publicado ontem, para os jogos de Benfica e Sporting, que, aliás, mereceram grande destaque. Agora pergunto: o que tem este jogo de menos importante para não merecer qualquer referência e/ou destaque? É que nem a minúscula referência nas páginas de media (programação das TV’s) serve de consolação, acho (muito) pouco. Porque, afinal, o FC Porto vai à frente, ainda não perdeu um jogo no campeonato, e como tal merece mais respeito, como é óbvio (…). Ao proceder assim, o Público perde muito da sua imagem de jornal de referência (…). Seria bom que tal não voltasse a repetir-se no futuro.
25 de Outubro de 2010
Alda Nobre
(Lisboa)
Explicação de editor Jorge Miguel Matias
A leitora tem razão. E tem razão porque, de facto, não foi publicada qualquer notícia que fizesse a antecipação do jogo como, aliás, é habitual suceder (colocamos, inclusive, um campo com a constituição do “onze” provável das equipas, no caso dos encontros que envolvam os chamados clubes “grandes”). Resta-me pois, apenas, pedir desculpa pela inexistência de qualquer notícia na edição em causa sobre o jogo FC Porto-U. Leiria e justificar essa ausência. Pois, não se tratou de um esquecimento e muito menos de considerar que o assunto não merecia referência. Tratou-se de uma opção editorial, que assumo e motivada apenas pela ausência de espaço que, aliás, é fácil de constatar, bastando para tal folhear o jornal desse dia, tomar em atenção as páginas do Desporto e verificar que não havia muita ginástica possível de ser feita.
Nessa edição, o Desporto contou com 4,5 páginas e a distribuição do noticiário do dia pelo espaço disponível foi feita da forma que me pareceu mais correcta, sabendo de antemão que muita coisa iria ficar fora. Assim, temos na página de abertura o jogo entre o Benfica e o Portimonense.
Na página seguinte o jogo entre o Sporting e o Rio Ave, juntamente com o jogo do Marítimo com a Naval. Na terceira página as classificações dos campeonatos nacionais. Na quarta (que aliás era meia página) o resultado do Grande Prémio de F1, cuja luta pelo título mundial está ao rubro à medida que o final da temporada se aproxima e o resultado excepcional de um piloto português que se sagrou vice-campeão numa categoria do Europeu. E na quinta página, todo o futebol internacional. Restavam ainda dois topos que, para além de não possibilitarem a colocação do já referido campo de futebol com os “onzes” das equipas, foram utilizados também para noticiário do dia (xadrez e atletismo).
Pode argumentar-se que o jogo Marítimo-Naval podia merecer (ainda) menos espaço do que teve. Mas, para além de ser discutível essa opção ainda havia outra condicionante: os jogos do campeonato nacional levam todos a ficha do jogo, o que “obriga” a um texto, por menor que seja.
Por tudo isto, a minha “opção” (por não ter alternativa) foi a de não publicar qualquer notícia relativa ao jogo do dia seguinte do FC Porto. Que ainda contou com um dado adicional. André Villas-Boas tinha feito a antecipação do jogo na véspera (merecendo nessa data uma notícia de meia página). Ficam aqui os meus argumentos para a ausência de qualquer referência ao FC Porto-U. Leiria na edição de 25/10 que, se não a justificam, pelo menos a explicam. Assim, e em conclusão, foi apenas por falta de espaço que não foi publicada nenhuma notícia. Uma falta de espaço que, pelas razões acima expostas, seria difícil de resolver de outra forma.
Mas como os leitores não têm culpa de o jornal não ter páginas suficientes para todas as notícias… a leitora tem razão.
28 de Outubro de 2010
Jorge Miguel Matias
(Editor do Desporto)
Nova carta da leitora Alda Nobre
Aqui há algum tempo, escrevi (…) a propósito da ausência, numa antevisão de um jogo do FC Porto, do habitual gráfico com a reprodução do campo de jogo, nome do jogadores provavelmente titulares, estádio, nome do árbitro, estação televisiva e horário a que o jogo seria transmitido. Nessa altura, apesar da omissão desse gráfico, vinha publicada uma tímida notícia sobre esse jogo. Ora, no Público de hoje, domingo, 16 de Janeiro 2011, nas páginas de desporto, para além de grande destaque/antevisão do jogo do Benfica (com inclusão do tal gráfico), nem uma linha, uma miserável linha de antevisão do jogo do FC Porto de hoje, o qual, além de ser o 1º da 2ª volta do campeonato e de marcar o regresso após lesão de nomes fundamentais na equipa, é o jogo da equipa líder do campeonato que, em caso de vitória, pode começar a pensar no título. Mas estes dados devem incomodar seriamente o/a editor/a de desporto do Público o/a qual demonstra uma autêntica saga persecutória contra um clube que merece todo o respeito, tanto como os restantes ditos “grandes” ou outro qualquer. (…) Muitíssimo desapontada com a absolutamente inadmissível parcialidade do Público, e sem direito a informação prévia sobre um jogo que pretendo ver na televisão, despeço-me, com os meus melhores cumprimentos.
16 de Janeiro de 2011
Alda Nobre
(Lisboa)
Perguntas aos editores do Desporto
Recebi várias queixas referentes ao facto de a edição do passado dia 16/01 não incluir uma peça de antevisão do jogo do FC Porto nesse domingo. Uma das reclamações é assinada por uma leitora que já em Outubro passado protestara contra a ausência, na edição de 25 desse mês, de “uma antevisão de um jogo do FC Porto, do habitual gráfico com a reprodução do campo de jogo, nome dos jogadores provavelmente titulares, estádio, nome do árbitro, estação televisiva e horário a que o jogo seria transmitido”. Na altura, recebi uma resposta, assinada por Jorge Miguel Matias, explicando que se tratara de falta de espaço (e as razões dessa falta de espaço), explicação que transmiti à leitora, que agora se queixa novamente de uma situação idêntica e do facto de a omissão da antevisão não se estender aos jogos de outros clubes ditos “grandes”, como o Benfica, o que entende como “parcialidade”.
Pergunto:
1) Que explicação pode ser dada, desta vez, a essa e aos restantes leitores que se queixaram?
2) Os leitores devem ou não poder contar com essas antevisões dos jogos? De todos ou dos chamados “grandes”? Qual é a política editorial seguida neste domínio? Acham que esse é ou não um serviço que o jornal deve prestar?
3) Quando são feitas essas antevisões, e nem todos os clubes ditos “grandes” são incluídos, que critérios ditam a inclusão de uns e a exclusão de outros?
José Queirós
Resposta do editor Jorge Miguel Matias
1) A explicação para a ausência do referido campo com as equipas neste caso concreto é a seguinte: esse campo acompanha, habitualmente, um texto em que se dá conta das declarações dos treinadores antes dos jogos. Ora, no caso específico do FC Porto (ao contrário da norma existente nos restantes clubes), a conferência de imprensa do treinador não sucede na véspera da partida, mas dois dias antes. Ora, o PÚBLICO deu conta das declarações de Villas-Boas (proferidas precisamente dois dias antes do encontro) numa notícia publicada no dia 15. Por isso, ao contrário da queixa da leitora, não houve omissão da antevisão. Ela apenas não foi publicada na véspera da partida porque o treinador portista falou na antevéspera. E essa notícia não foi acompanhada pelo referido gráfico com o campo de jogo porque este gráfico é elaborado com base na lista de convocados que, no caso do FC Porto, só foi fornecida no dia seguinte. Logo, não poderíamos inventar esse campo na notícia do dia 15. E no que diz respeito à edição do dia 16, o campo não surgiu porque não faria sentido publicá-lo, sem mais, sem que ele fosse acompanhado por qualquer texto que o enquadrasse. Acrescento que no caso dos outros “grandes” as declarações dos treinadores são feitas, por norma, no mesmo dia em que é divulgada a convocatória, pelo que o campo acompanha o texto de antevisão do jogo.
2) Os leitores devem poder contar com as antevisões dos jogos. A prática de há longos anos do PÚBLICO é oferecer essas antevisões (com campo na maior parte das vezes, mas também sem ele em algumas ocasiões) apenas no caso dos chamados “três grandes”. Isto deve-se por um lado a uma inevitável necessidade de gestão de recursos humanos, mas também e, sobretudo, porque esses clubes representam a larguíssima maioria de adeptos de futebol em Portugal. No entanto, sempre que for considerado justificável do ponto de vista jornalístico essas antevisões são alargadas a outros clubes/equipas. É por isso que as fazemos quando joga a selecção nacional ou as fizemos, só para dar o caso mais recente, no caso do Sporting de Braga durante o período em que ocupou lugares de destaque e o seu desempenho passou inegavelmente a interessar a um leque de adeptos mais alargado do que apenas o dos seus simpatizantes.
3) Penso que esta questão foi respondida no ponto anterior.
21 de Janeiro de 2010
Jorge Miguel Matias
(editor do Desporto)
Globos de Ouro e Facebook
Carta do leitor José Paulo Andrade
Na edição de 18 de Janeiro do Público lê-se na primeira página: “Globos de Ouro – Será agora que o fundador do Facebook vai ver A Rede Social ?”. Na página 5 do P2 escreve-se que Zuckerberg “recusou-se a ver o filme” e a partir daí seguem-se uma série de considerações. Achei estranho porque tinha lida o perfil do criador do Facebook na Time aquando da sua nomeação como “Person of the Year” (… ). Aí verifica-se que Mark Zuckerberg viu o filme em cinema alugado para si e seus colaboradores. tendo em seguida ir beber “appletinis”. Parece-me preocupante em primeiro lugar a notícia na primeira página e em segundo lugar as ilações retiradas sobre esta pretensa recusa de visualizar o filme agora galardoado com Globos de Ouro.
Faço o paste do parágrafo em questão da Time, versão online: “When The Social Network came out, Zuckerberg rented out a bunch of movie theaters and took the whole company to see it. Afterward they all went out for appletinis, his signature drink in the movie. He’d never had one before. ‘I found it funny what details they focused on getting right’, he says. ‘I think I owned every single T-shirt that they had me wearing. But the biggest thing that thematically they missed is the concept that you would have to want to do something — date someone or get into some final club — in order to be motivated to do something like this. It just like completely misses the actual motivation for what we’re doing, which is, we think it’s an awesome thing to do'”.
18 de Janeiro de 2011
José Paulo Andrade
(Porto)
Esclarecimento da editora Paula Barreiros
Quando o P2 encomendou o texto a Jorge Mourinha sobre os Globos de Ouro pediu-lhe especificamente que abordasse o tema sob um ângulo que pudesse trazer mais-valia de informação ao leitor, dado ser já conhecida a lista dos vencedores. Optámos por abordar o filme que arrecadou o prémio máximo, “A Rede Social”, na perspectiva da reacção que provocou no fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, reacção essa que mereceu cobertura jornalística sobretudo na imprensa internacional quando da estreia (nos Estados Unidos, a 1 de Outubro). Na altura, Zuckerberg assumiu que não iria ver o filme, que considerava uma “obra de ficção”. Em artigos mais recentes na imprensa internacional, dos quais nem o autor do texto nem as editoras do P2 tinham conhecimento, disse já o ter visto. No nosso trabalho diário tentamos sempre confirmar toda a informação. Neste caso, infelizmente, jornalista e editores partiram de um pressuposto errado.
Maria Paula Barreiros
(editora do caderno P2)
Esclarecimento do jornalista Jorge Mourinha
(…) A ideia de centrar o texto dos Globos de Ouro em “A Rede Social” nasceu (…) da vontade de pegar na cobertura dos prémios por um ângulo diferente do habitual — no caso o interesse gerado pelo filme, vencedor de três dos prémios principais, muito para lá do meio do cinema, e o facto de se falar tanto de um filme que o próprio Mark Zuckerberg procurou repetidamente desdramatizar e minimizar. Para elaborar o texto dos Globos de Ouro consultei os meus arquivos relativos ao filme, compostos por entrevistas, artigos de opinião e críticas de vários jornais americanos e franceses onde em nenhum momento se referia que Zuckerberg teria visto o filme. Efectivamente eu não tinha lido o texto da Time que o leitor cita e não tinha conhecimento de que Mark Zuckerberg tinha chegado a ver o filme. Sabia de facto da tal sessão oferecida aos empregados (recordada de memória mas ausente dos meus arquivos), mas não que o director do Facebook também teria estado presente, o que torna a indicação de “recusou-se a vê-lo” num erro factual do qual eu não tinha consciência.
Há uma frase que pode ser lida equivocamente no texto:
“Confrontado com o interesse gerado pelo filme (…) Zuckerberg (que chegou a oferecer uma sessão do filme aos seus empregados) optou por ignorá-lo”. Esta referência não foi feita a pensar se Zuckerberg teria chegado a ver o filme, mas mais ao facto de a estratégia de Zuckerberg e do Facebook relativamente ao filme ter sido a de o “ignorar” na medida do possível, procurando desdramatizar a situação e optando por considerá-lo como uma “obra de ficção”.
No entanto, as ilações que o texto tira sobre a vitória do filme nos Globos de Ouro não estão directamente relacionadas com o facto de Zuckerberg ter ou não visto o filme; aliás é daí que vem o título do texto, “Os Globos de Ouro gostam mesmo do Facebook?”, que foi pensado como um trocadilho com o ícone “gosto” (“like“) do site. O texto coloca a vitória do filme no contexto da constante cobertura mediática que “A Rede Social” recebeu e faz uma espécie de “ponto da situação” dos acontecimentos que rodearam a sua estreia (…)
Jorge Mourinha
Erro anatómico
Mensagem do leitor Tiago Mestre
Venho apenas chamar a atenção dum erro no artigo sobre a morte do dr. Pôncio Monteiro: “Pôncio Monteiro já tinha sido submetido a uma operação, em Agosto de 2006, devido a uma lesão muscular intracerebral“. Desconheço a natureza da lesão, mas como médico e neurologista, fico espantado que um jornalista do Público possa dar provas de ignorância e descuido anatómico ao considerar que o ser humano possa ter um músculo dentro do cérebro… Dentro do crânio, apenas existem vasos, cérebro. Nervos e membranas a cobrir estas últimas duas estruturas. Porque o Público é um fiel companheiro de leitura nestes anos, não gostaria de deixar estes erros científicos sem reparo.
21 de Dezembro de 2010
Tiago Mestre
Explicação do editor Jorge Miguel Matias
Sobre o assunto em questão, o erro no online foi nosso e só nos podemos penitenciar.De facto, não se tratou de uma lesão muscular intracerebral mas de uma lesão vascular intracerebral. Uma gralha que não foi detectada na edição online e, por esse motivo, não foi corrigida. Na edição em papel, escrita por outra pessoa, não foi utilizada a expressão.
De qualquer forma, agradecemos que os leitores nos indiquem a existência destas falhas nas notícias escritas no online, já que possuem essa faculdade através das caixas de comentários (que não servem originalmente para este propósito mas também podem ser utilizadas para este efeito). E já sucedeu alguns leitores darem nota de erros nas notícias, permitindo a sua correcção online pouco depois. Nestes casos, indicamos, inclusive, o parágrafo em que foi efectuada a correcção.
Jorge Miguel Matias
(editor do Desporto)
Fotografia de Domingos Alvão
Mensagem do leitor Celso Cunha
Hoje, 2 de Janeiro, nas páginas 8 e 9 do P2 [nota: na verdade, no caderno Cidades. JQ] constata-se que a fotografia do Teatro Águia d’ Ouro [no Porto] se encontra manipulada. Ou seja, a metade direita é uma cópia exacta da metade esquerda, ou vice-versa. Não sei se a manipulação foi efectuada no jornal ou, pelo contrário a fotografia já foi adquirida assim. De qualquer modo, penso que um pouco mais de respeito e/ou cuidado para com os leitores não seria menosprezável.
2 de Janeiro de 2011
Celso Cunha
Esclarecimento do jornalista Abel Coentrão
A imagem, da autoria de Domingos Alvão (Porto:1869-1946), fundador da conhecida Casa Alvão, foi assim adquirida e arquivada pelo Centro Português de Fotografia, que a cedeu para o segundo volume de As casas da Música no Porto. Pelo que apurámos, trata-se uma imagem estereoscópica. Trata-se de técnica utilizada naquele tempo, em que duas imagens [instantâneos] consecutivas eram fixadas no mesmo negativo de vidro para serem visualizadas numa máquina estereoscópica, ganhando um efeito de aparente tridimensionalidade. A imagem é, por isso, um documento histórico em si, já que documenta uma técnica e um lugar (este sem a preocupação de rigor que hoje caracteriza o fotojornalismo).
Se uma falha pode ser apontada ao PÚBLICO é a de não o termos assinalado no momento da publicação. Fazêmo-lo agora, mais ricos nós, e esperando elucidar também o leitor com a explicação.
Abel Coentrão
(Local Porto)
Sobre o ponto 3. da crónica do provedor, quando é dito que:- O editor Jorge Miguel Matias […] pede aos leitores que "indiquem a existência destas falhas nas notícias escritas no online (…) através da caixa de comentários", pois "já sucedeu alguns leitores darem nota de erros nas notícias, permitindo a sua correcção online pouco depois", – Permita-se-me dizer que já por duas vezes enviei correcções para erros/gralhas em títulos e corpos de notícia publicadas online. Não tenho, claro, forma de o provar. Mas andei a fazer refresh praticamente o dia inteiro (sabia exctamente quais eram as peças) e, mesmo antes de ir dormir, fui ver de novo de verifiquei que tudo continuava como dantes.- Numa terceira vez, ainda comecei a escrever a correcção no sítio indicado. Mas acabei por desistir, desconfiando que não lhe iria ser dada a mínima importantância.AA.