Cinquenta especialistas franceses em psicologia lançaram um apelo para que se tome consciência dos riscos associados ao excesso de ecrãs e para que se estabeleçam regras de bom uso das novas tecnologias, um código de boa conduta da vida digital. O texto, que aqui traduzimos integralmente, foi publicado no número de Fevereiro da revista Psychologies.
“Nós, especialistas em psicologia, em comportamentos e relações humanas, apelamos, hoje, a que cada um seja prudente e vigilante face a utilização excessiva dos ecrãs.
Os computadores, smartphones e tablets representam um formidável progresso. Facilitam o acesso ao conhecimento e multiplicam as possibilidades de trocas, interacções e cooperações. Mas, deixando-os invadir o nosso quotidiano, sem nos interrogarmos sobre os seus inconvenientes, sem reparar na sua utilidade real, concedemos a estas tecnologias um poder preocupante sobre as nossas vidas.
Uma tomada de consciência é necessária. É que o uso excessivo dos ecrãs induz uma hiper-solicitação permanente, fonte de stress e de cansaço. Priva-nos de tempo de repouso, de reflexão e de presença no mundo, indispensáveis ao bem-estar e ao bem-pensar. Favorece práticas patológicas e compulsivas, designadamente por parte dos jovens e das pessoas frágeis. Modifica em profundidade os processos de atenção, de memorização e de aprendizagem. Prejudica, por vezes, a qualidade das nossas relações interpessoais.
Por todas estas razões, endereçamos um apelo a todos – cidadãos, políticos e fabricantes – para o estabelecimento conjunto de regras de bom uso das novas tecnologias, um código de boa conduta da vida digital.
O desafio é importante: está em questão a preservação do nosso equilíbrio psíquico e da nossa humanidade face aos utensílios digitais”.
Alguns dos subscritores deste texto têm livros editados em Portugal. É o caso de, por exemplo, Christophe André (Os segredos dos psis. Objectiva) ou Isabelle Filliozat (No coração das emoções das crianças. Pergaminho).