Com queijos, manteigas e pimenta da terra, os Açores chegam ao Tivoli, com sabores que só aquelas ilhas têm

Viajar pela gastronomia dos Açores, perceber as diferenças entre as ilhas, experimentar pratos que normalmente não temos oportunidade de provar no continente, descobrir ingredientes: entre hoje (dia 19) e o dia 28 de Fevereiro o Anfiteatro, restaurante da Escola de Formação Turística e Hoteleira de Ponta Delgada vai estar no hotel Tivoli, em Lisboa.

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Foto 1 (Mário Cerdeira): Sopas do Espírito Santo

Sobe-se até ao 9º andar e é aí, no restaurante Terraço, que durante uma semana mergulhamos num universo açoriano, servido ao almoço e à noite. O jantar de apresentação foi da responsabilidade de Cláudio Pontes, que esteve no restaurante Aviz e que, depois de uma breve passagem pelo Douro, voou até aos Açores, onde está agora a colaborar com a EFTH.

Torresmos com Feijão Assado-50-1085©PhotoMárioCerdeira

Foto 2 (Mário Cerdeira): Torresmos com feijão assado)

Para começar, massa sovada e pão lêvedo com uma magnífica manteiga das Flores (que, segundo fontes bem informadas, se vende na Manteigaria Silva, em Lisboa), queijo fresco e pimenta da terra. Fátima Moura, que tem organizado esta iniciativa chamada Portugal de Norte a Sul, que traz restaurantes de várias regiões do país ao Tivoli, explicava no início da noite que tinha sido muito difícil escolher, de entre a ementa que estará disponível, alguns pratos para apresentar.

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Foto 3 (Mário Cerdeira): Alcatra à moda da Terceira, abóbora e massa sovada

Não sei como serão os outros, mas os que nos serviram foram muito bem escolhidos. O primeiro foi um creme de nabos de Santa Maria com espadarte. Os nabos, amargos, e que segundo foi explicado só existem mesmo nos Açores, têm um sabor particular que era aqui quebrado pelo salgado do espadarte. O prato seguinte estava delicioso: um boca negra (ou cantaril) servido com um arroz de lapas e açafroa – mais uma vez, para quem nunca visitou os Açores, uma oportunidade para provar produtos locais que dificilmente se encontram em Lisboa.

Para a carne, a escolha foram as Sopas do Espírito Santo, por serem uma especialidade transversal às várias ilhas e que está profundamente ligada à identidade açoriana. A refeição terminou com um prato de queijos (do Morro, do Pico e de São Jorge) e um pudim de feijão com sorbet de maracujá, uma sobremesa “pobre” como explicou Cláudio Pontes, que está a ser recuperada e reinventada pelo Anfiteatro.

Sopa Dourada, Ilha e Banana-70-1085©PhotoMárioCerdeira

Foto 4 (Mário Cerdeira): Sopa dourada, ilha e banana

Para além da carta que toda a semana estará disponível (ou do menu de degustação por 45 euros sem bebidas, 60 euros com bebidas) há, nesta passagem dos Açores por Lisboa, um momento particularmente interessante: o jantar temático de dia 27 (seis pratos, 65 euros com bebidas incluídas). A ideia é contar a história açoriana através destes pratos, começando com “a descoberta das ilhas e a sua natureza intocada”, passando depois para o momento em que “o mar galgou a terra”, seguindo para o século XVII com a revolta dos inhames devido à taxação deste tubérculo, para terminar nas Festas do Espírito Santo, antes do leite e do queijo e, finalmente, dos ciclos agrícolas da laranja, do ananás e do chá.

A criação do menu é dos chefs Cláudio Pontes, Sandro Meireles, Pedro Oliveira e Nuno Santos, que têm estado a desenvolver, na Escola e no respectivo restaurante um trabalho inovador com os sabores açorianos. Há muito que os Açores mereciam ser tratados assim. E é uma oportunidade a não perder esta de termos em Lisboa desde os nabos de Santa Maria, ao inhame e à pimenta da terra, do caldo de peixe do Pico, à queijada da Graciosa ou outras especialidades das ilhas cozinhadas com dedicação e criatividade.

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