Volver – vamos jantar ao Lumiar?

Foi uma (boa) surpresa. Nunca tinha ido ao Volver by Chakall. Tinha, sim, lido recentemente um post do meu amigo Pedro Cruz Gomes sobre este restaurante argentino e tinha ficado curiosa. Acontece que, por coincidência, recebi um convite para ir conhecer não os pratos mais clássicos do Volver mas uma proposta que têm e a que chamaram Cool Taping (cool por ser no Verão, no Inverno também há tapas mas com outro nome). É uma espécie de mini-menu de degustação para um jantar informal (de 2ª a 5ª) mas muito agradável e com um preço igualmente simpático: 20 euros por pessoa.

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Na foto: as entradas

O almoço foi também uma oportunidade para conhecer Alexandra Gameiro, a gerente, que, inicialmente com o irmão, pegou há cerca de nove anos naquele que era então o Quinta dos Frades, restaurante do Lumiar, especializado em peixe, e frequentado sobretudo aos almoços por muitos dos homens de negócios das empresas que na altura por ali proliferavam.

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Na foto: o shot

Os tempos mudaram, o restaurante atravessou dificuldades, algumas empresas desapareceram da zona, e, enfim… chegou ao fim um ciclo.

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Na foto: chouriço com quinoa e arandos

Alexandra e o irmão, filhos de um dos proprietários, decidiram pegar no boi pelos cornos. A expressão faz aqui particular sentido porque a mudança que sofreu o Quinta dos Frades foi radical. “De um restaurante forte aos almoços e especializado em peixe passámos para um restaurante mais forte ao jantar e especializado em carne”. A escolha do caminho a seguir surgiu um pouco por acaso. Chakall era amigo do irmão de Alexandra e pediram-lhe conselho. A resposta foi a que seria de esperar: por que não fazer um restaurante argentino?

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Na foto: o queijo Brie

Foi o que fizeram. Nos últimos anos Alexandra aprendeu muito sobre carnes, os diferentes cortes, viajou, procurou os melhores fornecedores. Começaram com alguns cuidados, mantendo ainda o nome antigo. Mas há dois anos assumiram a mudança e nasceu o Volver by Chakall. A carta tem a assinatura do mediático chefe, mas, explica Alexandra, hoje Chakall está mais envolvido no programa que tem na China e está inevitavelmente mais afastado. As suas criações ainda se mantêm na carta, mas estas tapas que provámos saíram sobretudo da cabeça de Alexandra e do trabalho da equipa de cozinha liderada por David Page.

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Na foto: ovos com pimentos padrón

E o que se come no Cool Taping? Primeiro veio um cesto com sconnes de azeitonas e beterraba, e fatias de broa, para comer com uma “panacotta” de manjericão, uma pasta de ervilha com crumble de morcela e uma pasta de azeitona com pimenta rosa. Depois chegou o shot Volver, uma óptima sopa de pimento grelhado e tomate com gorgonzola e oregãos. Alexandra explica que nem tudo na carta (e sobretudo nestas tapas) é argentino, mas mesmo assim tenta respeitar o espírito “de viajante” de Chakall. Daí os “viet rolls” de camarão com “red hot chilly sauce”, por exemplo. Mas de seguida surge um “chorizo” argentino com quinoa e arandos, uma combinação improvável mas que resulta muito bem.

Todas as tapas são assumidamente gulosas e o prato que se segue é um excelente exemplo disso: ovos a baixa temperatura com pimentos padrón e pão grelhado, amendoas laminadas e azeite de trufa. Ainda estamos a lamber os dedos e surgem dois quadradinhos de queijo Brie em massa kataifi com compota de laranja e mostarda. Vem agora uma pièce de resistence, tempura de polvo com tinta de choco. E depois outra: matambrito à la pizza, uma especialidade argentina, feita com um pedaço de carne extraído entre a pele e as costelas da vaca (o que comemos era feito com barriga de porco) é aberta e coberta por vários ingredientes, como se fosse uma pizza. É acompanhado por chips de batata-doce.

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Na foto: Matambrito à la pizza

As sobremesas são frescas e nada pesadas, o que funciona muito bem depois desta sucessão de tapas. Há um Jelly Gin de romã com morangos e hortelã, muito simples – “uma brincadeira por causa do gin”. Um carpaccio de abacaxi com coentros e pimenta rosa. E ainda o cheesecake “desconstruído” que já é um dos sucessos da casa.

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Na foto: as sobremesas, abacaxi e cheesecake

É uma excelente opção para quem desespera de encontrar lugar num restaurante numa das zonas mais movimentadas de Lisboa e que nunca se lembra de ir jantar ao Lumiar. Um restaurante fora do circuito tem que se esforçar muito mais para conquistar os seus clientes. E é esse o trabalho que Alexandra está a fazer aqui. O espaço é óptimo e há uma atenção grande aos detalhes.

O Volver estará fechado durante uma semana a partir de dia 15, mas reabre antes do final de Agosto e promete, para Setembro, novidades na carta. Alexandra tem andado à procura de fornecedores de cortes diferentes e garante que vai haver coisas interessantes. Vamos ficar atentos. Vai ser altura de conhecer as carnes de um restaurante que se apresenta como “de Carne y Alma”.

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