Todos os dias se noticia a abertura de novos restaurantes, mas não são poucos os que fecham ao fim de alguns meses, e é caso raro encontrar um que, como o Ribamar, em Sesimbra, esteja a festejar o 65º aniversário. Esta é uma história de família, que começou os pais de Helder Chagas, António e Cremilde, e continua hoje, já na terceira geração, com Helder e a filha, Rita (os dois na foto).
Na foto: Helder e Rita Chagas no almoço de aniversário do Ribamar
Quem conhece o Ribamar em Sesimbra (ou quem apenas o reencontra anualmente durante o festival Peixe em Lisboa, onde é presença constante) sabe que aqui vai poder comer o que de melhor existir por esses dias no mar – peixe e marisco de primeira. Por isso, o convite para o almoço do 65º aniversário era irresistível. Dizia assim: “Das abróteas, robalos e lagostins das profundezas do Espichel, aos pés-de-burro, navalhas, ostras e lingueirões dos areais de Tróia, não esquecendo os caramujos (burriés), anémonas, e ouriços-do-mar de Galápos e Portinho, iremos proporcionar-vos uma imperdível degustação marinha”. Cumpriram e superaram.
Na foto: Carabineiro, navalha e mexilhão
A lista incluía 15 pratos (e ainda uma sobremesa). Mariscos servidos ao natural, o mais simples possível, como merecem, e depois, a pouco e pouco, pratos mais complexos. Fantásticos o caranguejo de casca mole com molho de abacate e lima, e anémona frita, a ova de choco e as saladinhas de polvo e chocos.
Na foto: Ouriço-do-mar
E depois começaram a chegar os peixes: abrótea com creme de ouriços, salmonete com manteiga dos fígados (delicioso), preguinho de espada (se forem ao Ribamar e este preguinho estiver na lista, não o percam por nada), robalo com creme de lagostins.
Na foto: Abrótea com creme de ouriços
Na foto: Salmonete com manteiga dos fígados
E, quando já pensávamos que não conseguiriamos comer nem mais um caramujo, apareceu a célebre sopa rica de peixes e mariscos, uma versão da bouillabaisse, prato típico de Marselha mas que, neste caso, Helder Chagas aprendeu a fazer durante uma viagem ao Norte de África, num restaurante “onde os guardanapos eram umas folhas de papel cortadas e penduradas num prego à porta”. Mas a sopa, essa era inesquecível e Helder e aquela que era na altura sua mulher, a mãe de Rita (que continua também na cozinha do Ribamar) trouxeram-na para Sesimbra.
Na foto: Sopa rica de peixes e mariscos
No final, multiplicavam-se os parabéns ao pai e à filha e Helder não escondia o orgulho. “A Rita já não é o futuro, é o presente”. Hoje, quando Helder passa muito tempo no outro restaurante que têm em Tróia, o Ribamar já é uma casa feita (também e muito) pela Rita. Tal como no passado Helder inovou, pegando no restaurante que o pai tinha no Largo da Fortaleza, e instalando-o aqui na Marginal, Rita (que estudou cozinha em Espanha) também trouxe a sua marca à comida deliciosa que aqui se serve. E assim, os dois juntos à volta dos tachos, são o presente do Ribamar – e o futuro também.