É um jantar que está a despertar grande curiosidade.
Foto: Paulo Barata
Ana Músico e Paulo Barata – os Amuse Bouche – organizam este domingo mais um jantar Origens, e desta vez trazem Leonardo Pereira, que está de regresso a Portugal depois de quatro anos a trabalhar no Noma de Copenhaga, considerado o melhor restaurante do mundo pela lista dos World’s 50 Best.
Conheci o Leonardo quando fui ao Noma, e, atenciosamente, o chef Rene Redzepki chamou-me a atenção para o facto de ter entre os seus principais colaboradores um português. Foi, aliás, ele quem nos explicou várias coisas ao longo do jantar, ajudando-nos a compreender produtos, ingredientes, nomes dificilmente traduzíveis em português. Houve até um alerta de incêndio que nos obrigou a sair para o exterior, clientes e funcionários, e ali ficámos um bocadinho todos a conversar (deu, aliás, para perceber que havia tantos clientes como cozinheiros e pessoal de sala).
Foto: Paulo Barata
Depois reencontrei o Leonardo este ano quando a Ana e o Paulo o trouxeram para o Sangue na Guelra, que decorreu na mesma altura que o festival Peixe em Lisboa, em Março. Leonardo participou num dos jantares, mas, infelizmente, eu já não estava em Portugal e perdi a oportunidade de o ver cozinhar. Mas ouvi-o no simpósio do Sangue na Guelra a falar do seu trabalho de contacto com os produtores no Noma, e foi muito interessante. Foi durante essa passagem por Lisboa que fiquei também a saber dos seus planos para regressar e ter um espaço próprio.
Agora, finalmente, surge a oportunidade de conhecer a cozinha do Leonardo. Será um jantar que servirá para nos abrir o apetite para o que ele vai depois fazer no restaurante do resort Areias do Seixo, em Santa Cruz, o projecto com o qual regressa a Portugal.
O jantar Origens é no dia 30 de Novembro, no Vestigius Wine Bar, junto ao Cais do Sodré, em Lisboa, mas já está esgotado. O que é um bom sinal.
Fica aqui o texto de divulgação do comunicado de imprensa do Amuse Bouche com o depoimento do Leonardo:
“Nunca imaginei sequer regressar a Portugal. Até que um dia, há um ano… Chegou a hora de reaprender a minha língua, tocar no meu solo e sentir que também ele é português. Chegou, enfim, a hora de me redescobrir e questionar toda a minha formação para reerguer os meus sonhos. Estas são as minhas origens.
Cresci numa quinta recôndita em Santa Maria da Feira. Tudo o que lá se cultivava sabia melhor e esse sentimento nunca me abandonou.
Na Escola de Hotelaria e Turismo da minha terra dei os primeiros passos como cozinheiro. Tinha 14 anos e hoje sei que aquela escola foi a melhor opção por ter tantas parecenças com a vida real.
Decidi sair de Portugal ainda jovem e não me arrependo. A Irlanda foi o primeiro país que me acolheu. Kilkenny e Dublin são cidades maravilhosas e descobri um coração caloroso em cada irlandês. Trabalhei arduamente, guardo recordações de poucas horas de sono, queimaduras e uma vida social marginal, mas encontrei o que precisava: amizade.
Nada melhor para a alma do que dedicarmo-nos a uma causa sem esperar nada em troca. Foi o que me moveu nas minhas viagens para estagiar na Suécia (Oaxen) e em Espanha (El Poblet & Mugaritz). Escolhi ficar nesse lugar fascinante que é a Dinamarca. O Noma foi a minha casa durante quatro anos e meio e o resto são estórias.”