Couve-flor colorida e gelado de zimbro: a Rota das Estrelas passou pelo Feitoria

Michel van der Kroft do ‘tNonnetje, na Holanda, e Yves Le Lay, do Alexander, na Estónia, foram os dois chefes estrangeiros convidados por João Rodrigues, o anfitrião dos dois jantares (dias 19 e 20) que assinalaram a passagem da Rota das Estrelas pelo Feitoria, no Hotel Altis Belém, em Lisboa.

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(Foto 1: o prato de Michel van der Kroft, com a chuva de couve-flor roxa)

E os dois trouxeram surpresas. O primeiro apresentou um prato muito bonito composto por vários elementos: uma vieira ao centro, couve-flor de várias cores (e ainda raspada por cima do prato, como se fosse uma trufa, criando uma chuva roxa), creme de mascarpone com ovas de arenque. E ainda, dentro de uma concha um gel de coral com coral desidratado e ralado, e sobre uma pedra uma panacota de coral com camarão ralado e couve-flor queimada. As cores das couve-flor são naturais – elas existem na natureza em branco, laranja verde e roxo, tendo, por isso, propriedades diferentes (mais betacaroteno na laranja, mais antioxidantes na roxa, por exemplo).

Yves Le Lay foi o responsável pela sobremesa no jantar de sábado, dia 20. Chamou-lhe apenas Zimbro da ilha Muhu. E, de facto, era precisamente isso. Toda a sobremesa – gelado, crocante, e um óleo de um verde muito intenso, e um sabor igualmente verde, mas de um verde-pinheiro, muito ao estilo da cozinha nórdica – tinha como base o zimbro, que vinha também no prato exterior, envolvido por um fumo que ajudava ao impacto de toda a apresentação.

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(Foto 2: outro elemento do prato do chefe holandês, a panacota de coral em forma de concha)

O jantar começou com um prato de boas vindas muito portuguesas: João Rodrigues trouxe até às mesas o seu Alfama, sardinha braseada, pimento e pão frito. Depois das coloridas couves-flor de Michel van der Kroft, Miguel Rocha Vieira (do Costes, na Hungria) serviu lagostim com feijão e chouriço de porco preto, e Vincent Farges, vindo da Fortaleza do Guincho, trouxe um delicado robalo ao vapor aromatizado com cardamomo fumado e citronela, e acompanhado por um ravioli de lingueirão, camarões e puré de funcho.

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(Foto 3: sobremesa de Yves Le Lay, zimbro, zimbro e zimbro)

João Rodrigues ficou com o prato de carne: wagyu, beringela, miso e alho preto, sabores fortes, que casam muito bem. Coube também ao chefe residente a primeira sobremesa: morango, morangueiro e mascarpone.

Com o zimbro do Norte da Europa a encerrar a refeição, terminou a passagem da Rota pelo Feitoria, que na véspera tinha recebido outros chefes convidados: Miguel Laffan do l’And de Montermor-o-Novo, Benoît Sinthon do Il Gallo d’Oro do Funchal, Vítor Matos do Largo do Paço, Amarante, e ainda a chefe Jacqueline Pfeiffer do Le Ciel, Viena, que apresentou uma sobremesa de dumpling de sementes de papoila, ameixas e gelado de xarope de abeto, que também despertou a curiosidade a quem, como eu, não a chegou a provar.

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