Vale a pena prestar atenção ao que tem sido o percurso da Cereja do Fundão nos últimos anos. É um exemplo de como se consegue lançar uma marca e torná-la em pouco tempo tão familiar que hoje já achamos que ela está aí desde sempre. Assisti, julgo que há dois anos, à primeira acção em Lisboa, com distribuição de cerejas em pleno Chiado, e a apresentação do pastel de cereja criado pela Escola de Hotelaria do Fundão. E na sexta-feira passada estive no L’AND Vineyards, em Montemor-o-Novo, para provar o menu preparado pelo chefe Miguel Laffan.
O que é muito bem feito nesta estratégia é que ela se desenrola em várias frentes ao mesmo tempo. Quando chega a época das cerejas, elas parecem estar em todo o lado: nos gelados especiais da Santini, nos pastéis de cereja este ano à venda na rede da Padaria Portuguesa, em caixas nas estações de serviço das estradas, e – muito importante – nos menus de vários restaurantes. É nessa frente, a dos chefes, que se realiza a parte mais criativa do trabalho com as cerejas. É uma oportunidade para se perceber o potencial que elas podem ter em diferentes pratos, tratadas com várias técnicas, combinadas com divers
os ingredientes (Laffan confessava na sexta-feira que o que lhe parece mais difícil é conjugá-la com peixe). O resultado é um conjunto já muito grande de receitas, com a assinatura de chefes de topo, e que nos podem inspirar a arriscar também e a usar mais as cerejas em pratos feitos em casa.
E o que se comeu no L’AND? Primeiro um gaspacho (o chefe explicou que não era exactamente um gaspacho clássico, mas mais um molho de cereja) com cerejas, foie gras de pato e figo (foto da direita); salada de folhagens de Verão, presunto de Barrancos, queijo de vaca, e vinagrete de cereja (na foto da esquerda); peito de pato “au sauté”, cerejas e frutos secos salteados com especiarias, puré de aipo e molho de mel, soja e gengibre; e por fim um tiramisu de pistachio com chocolate branco e cerejas confitadas, gelado de café e crocante de chocolate.
Desde o dia 16 de Junho e durante três semanas, a cereja foi também trabalhada noutros 13 restaurantes da Grande Lisboa. A Rota Gastronómica da Cereja do Fundão, passou pela Fortaleza do Guincho, Eleven, Feitoria, Tasca da Esquina, Cervejaria da Esquina, Taberna das Flores, Chapitô à Mesa, Cantina Ministerium, Laurentina “O Rei do Bacalhau”, O Largo, De Castro, O Talho, e o Cantinho do Avillez. E foi também até ao Algarve, onde Leonel Pereira a apresentou no São Gabriel em pratos que nos deixam curiosos como um creme de coco com tártaro de cerejas e sardinha assada.