O jantar dos prémios Mesa Marcada e o cozido à portuguesa de José Avillez

Foi o Belcanto, o grande vencedor dos prémios Mesa Marcada – 10 Restaurantes e 10 Chefes Preferidos de 2013, o anfitrião do jantar que celebrou estes prémios, promovidos pelo blogue Mesa Marcada, que vão já na quinta edição, e nos quais votaram este ano 79 pessoas, entre chefes, profissionais da restauração,  jornalistas de gastronomia e gastrónomos. Os prémios foram anunciados em Janeiro, o jantar aconteceu ontem.

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(Foto 1: A tomatada e os sames de coentrada que acompanhavam as “pataniscas” de bacalhau, que não ficaram na foto; Na foto 2, em baixo, o cozido)

Aliás, o Belcanto e o seu chefe, José Avillez, tinham já sido os vencedores da edição anterior – mais uma razão para ter sido neste restaurante do Chiado (um dos cinco restaurantes de Avillez no Chiado) que se realizou a festa.

Tudo começou no Mini Bar, o mais recente projecto de Avillez, no Teatro São Luiz, com uma apresentação dos vinhos da Idealdrinks, principal patrocinadora dos prémios – o Colinas Chardonnay Grande Reserva 2009 e o Principal Reserva Tinto 2009, ambos da Bairrada – e os amuse bouche que fazem parte da carta do Mini Bar (alguns são comuns ao Belcanto, mas o Mini Bar tem um conceito mais informal que permite beber um copo e comer uma entrada, sem necessidade de fazer uma refeição completa).

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Mas, como disse Carlos Lucas, da Idealdrinks, estes são vinhos que pedem comida, e por isso seguimos para o Belcanto, atravessando o Largo de São Carlos, para conhecer o menu preparado por Avillez, cruzando clássicos do restaurante, como o Leitão revisitado com batata frita, laranja e salada, com pratos novos que entraram recentemente na carta.
O trabalho de Avillez está actualmente muito centrado nos sabores tradicionais portugueses. Assim, uma das novidades deste jantar foi o seu Cozido à Portuguesa, um “cozido limpo”, como o próprio explicou, o que significa que as carnes e os legumes são cozidos em separado. A ideia aqui é a concentração de sabores intensos e puros – e isso sente-se imediatamente quando o caldo, claro mas de grande aroma, é deitado no prato onde estão os legumes, o puré de couve, e um pequeno pedaço de papada de porco.
A refeição tinha começado com um “Torricado” de cavala fumada em escabeche, em que a cavala é primeiro levemente curada e depois fumada, ao qual se seguiu o Cozido, e depois, antes do leitão, outro prato novo: “Patanistas” de bacalhau, tomatada e sames de coentrada. Mais uma vez, um trabalho em torno de sabores profundamente portugueses, com as “patanistas” (pequenas bolinhas com deliciosas lascas de bacalhau) vêm ao lado de um prato com uma gema de ovo no meio da saborosissima tomatada, rodeada pelos sames (a bexiga natatória do bacalhau) que libertam uma gelatina que dá mais uma textura e consistência ao prato (que pode ser pedido também como prato principal de um menu de três pratos no Belcanto).
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Foto 3: A sobremesa de citrinos e doce de ovos
O jantar – que começou com o espumante Colinas Brut Reserva Rosé 2009, e foi acompanhado pelo Principal Rosé 2010, o Eminência Loureiro Branco 2010, o Principal Reserva Tinto 2010, o Quinta da Curia Tinto 2010, e terminou com o espumante Colinas Brut Reserva Branco 2010 – encerrou com uma sobremesa de citrinos e doce de ovos, em que se equilibravam muito bem a acidez doce dos primeiros e a pura doçura do segundo.
Foto 4 (em baixo): A nossa mesa vista por Fernanda Lamelas, que desenhou também magnificamente toda a refeição. Os desenhos de Fernanda – de comida e da vida em geral – podem ser vistos aqui.
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7 comentários a O jantar dos prémios Mesa Marcada e o cozido à portuguesa de José Avillez

  1. Cozido à Portuguesa?
    Chamem-lhe outra coisa, mas, isso não é à Portuguesa!
    Se querem fazer má publicidade atribuíam nomes aos pratos que sejam deles e não da gastronomia Portuguesa.
    Eu chamaria a isto os restos de um cozido, ou a sobra das piores partes…
    Não queiram fazer-se “chefes” estragando o que é de todos, sem olhar a meios.
    Vergonha!!!

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  2. Só hoje vi esta vossa reportagem.
    Estão mesmo a falar a sério?
    35 euros por um cozido? Como o da foto? Realmente!
    Como podem dizer que estamos perante uma grande cozinha?
    Só uma pergunta se for possível!
    Quem pagou a conta?

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    • “FOI O ESTADO” grita o ressabiado. O problema é ninguém perceber que o prato da imagem faz parte de uma refeição de vários pratos e que todos eles são para degustar e não para encher o bandulho como um qualquer saloio, claramente o público-alvo de tudo menos do Avillez.

      Responder
      • Ele pode fazer pratos para degustação à vontade, agora não pode é chamar a isto “cozido à portuguesa”. Devia ser processado, isto de cozido à portuguesa tem ZERO !! É que desde logo o cozido à portuguesa não foi feita para degustação mas para comer !!

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  3. Pingback: Vieiras com requeijão e outras surpresas de Leonel Pereira (um jantar no São Gabriel) – Mais Olhos Que Barriga

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