Foi numa destas noites de Verão em Lisboa, por entre indecisões várias sobre o sítio onde iríamos jantar, que acabámos no The Food Temple, um pequeno restaurante vegetariano que abriu há uns dois meses na Mouraria.

Foto 1: Cozido de tomate e beringela

Tem meia dúzia de mesas cá fora, por entre o equilíbrio instável das ruelas da Mouraria, tem o colorido dos vizinhos a passar – entre indianos com roupa de festa e portugueses a gritar palavrões, há um pouco de tudo – e tem um cantor, vindo, se não me engano, da Nova Zelândia, a cantar, com uma guitarra, no cimo da escadaria (não acontece todos os dias).

O The Food Temple é um projecto de Alice Ming, canadiana de origem chinesa, e de Vitor Hugo, e a ideia, segundo percebi, é servir comida vegetariana, com produtos portugueses, e ter um grande jantar comunitário aos domingos à noite. Pedimos salada de feijão verde, um intrigante pudim à alentejana e um cozido de tomate e beringela, com quinoa e lentilhas, e estava tudo bom (o pudim, para o caso de se estarem a interrogar, é feito à base de pão, tomate e coentros). Particularmente bom era o bolo de banana que provámos à sobremesa.

Foto 2 (desfocada, mas colorida): salada de feijão verde

O equilíbrio das mesas é precário, já o disse, e é preciso estar em sintonia com o espírito do projecto, mas, se essa condição estiver preenchida, acho que a experiência é interessante. Até porque o projecto tem uma história, que se pode conhecer no site do Massivemov, plataforma de crowdfunding onde Alice conta o que a levou à Mouraria, o que pretende fazer no The Food Temple, e como é que a podemos ajudar (sim, é com contribuições monetárias). Está tudo em www.massivemov.com, com um video de Alice a falar e a mostrar as obras (básicas) que fizeram no espaço, inaugurado a 6 de Junho. O dinheiro irá para renovações, equipamento, e, se chegar, para um jardim vertical na fachada do prédio.

Escreve ela: “Portugal é um país com muito para oferecer. Tenho visitado diferentes produtores de produtos biológicos na zona da Grande Lisboa e explorado o que de diferente se cultiva por cá (existe bem mais do que o que se encontra no supermercado)! A grande parte dos produtos utilizados no restaurante virá directamente desses produtores para se poder ver e provar os produtos sazonais existentes. Irei explorar igualmente, a riqueza dos sabores étnicos disponíveis no bairro, simplesmente porque são bons demais para pôr à beira do prato!”

Mas, atenção: o The Food Temple só está aberto de quarta a domigo entre as 18h e as 24, e domingo é noite de jantar na Grande Mesa. Quem não se sentir com espírito comunitário deve ir noutro dia.