Nos anos 90, quando vivia em Paris, o meu pai tinha no Expresso uma crónica chamada Duas Semanas Noutra Cidade. E se duas semanas é tempo suficiente para ver alguma coisa, ou para perceber alguma coisa do que se vê, dois dias são claramente insuficientes. Mas foi esse o tempo que estive em Bordéus, e por isso aqui vai uma espécie de crónica fotográfica do que por lá vi.
Na foto: a exposição sobre o Douro no centro de Bordéus
O pretexto da viagem foi a inauguração da exposição de fotografia sobre o Douro – quatro fotógrafas olharam para o Douro com pontos de vista que não são os mais óbvios. As imagens deste projecto da Procur.arte e do Museu do Douro são apresentadas em cubos com luz, ou no chão, também iluminadas, e estão no centro de Bordéus, junto à Câmara Municipal e à catedral.
(Fotografia feita a partir de uma das fotografias da exposição, o trabalho “Ferreirinhas” de Pauliana Valente Pimentel)
Apesar de ser uma das principais zonas vinícolas do mundo, e de toda a sua história estar ligada ao vinho, Bordéus não tem (ainda) um Museu do Vinho. Visitei um espaço que se apresenta como museu, mas que consiste apenas numa cave com alguma informação. Há o projecto de em 2014 abrir um grande centro de interpretação/museu do vinho.
Mas, mesmo na cave-que-não-chega-a-ser-museu há um livro em chinês sobre os vinhos de Bordéus. A aposta na China tem sido muito grande.
Vale a pena passar pela loja de produtos mediterrânicos Oliviers & Co., numa das ruas do centro de Bordéus, e experimentar os muitos tipos de azeites e vinagres. Há um azeite português, o Milenium, de Augusto Alves, Trás-os-Montes – um “clássico que simboliza na perfeição o estilo do seu país de origem”, explica um folheto. Há também a versão do azeite misturado com sumo de limão.
Mas nem só de vinho e azeite se fala em Bordéus. A arquitectura também desperta um enorme interesse a julgar pela sala cheia que há dias esperou ouvir Eduardo Souto de Moura que, por motivos de saúde, não pôde ir dar a conferência prevista no espaço Arc en Rêve, um antigo entreposto comercial transformado em centro de arte, e onde pode agora ser vista uma exposição sobre a obra do arquitecto (e prémio Pritzker) português. Deixo aqui uma foto de uma das páginas dos seus livrinhos de apontamentos, citando Almada Negreiros: “Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades”.
Que pena que nao passou por a minha loja… a mais bonita de Bordeus. Se chama Le Comptoir Bordelais e temos azeites de boas propriedades de Portugal ; Quinta Vale do Conde en Tras-os-Montes, Herdade do Mouchao, Quinta do vale dos Lobos… e daqui a pouco a flor de sal do Sr Jorge Filipe… que teve a gentileza de me indicar o seu blog…. parabens por seu trabalho.
É verdade, Paulo, tenho pena, mas quando o Jorge me falou nisso já eu estava praticamente de partida. Fica para a próxima!