Os Naturalistas

Domenico Vandelli
[n. Pádua, 1735 — m. Lisboa, 1816]

Domenico Agostino Vandelli foi um naturalista italiano, muito importante para o desenvolvimento da história natural e da química em Portugal, em finais do século XVIII e princípios do século XIX.
Em 1768 foi-lhe atribuída a incumbência de criar o Jardim Botânico da Ajuda, e em 11 de Setembro de 1772 foi nomeado lente de História Natural e Química na Universidade de Coimbra, onde fundou o Jardim Botânico.
Vandelli dirigiu as expedições filosóficas portuguesas de finais do século XVIII, levadas a cabo por naturalistas que tinham sido seus alunos na Universidade de Coimbra.
É autor de um grande número de obras sobre temas científicos e económicos.


Júlio Henriques
[n. Arco de Baúlhe (Cabeceiras de Basto) 1838 — m. Coimbra, 1928]

Júlio Augusto Henriques foi botânico e professor da Universidade de Coimbra e um dos maiores impulsionadores da introdução dos estudos botânicos em Portugal.
É a esta incontornável figura que se deve a iniciativa de fundar a Sociedade Broteriana, destinada a congregar especialistas de Botânica e outras individualidades interessadas por estudos desse âmbito, a criação e consolidação do Herbário da Universidade de Coimbra e o desenvolvimento do Jardim Botânico de Coimbra.
Homem empreendedor, de grande visão científica e com uma vasta rede de contactos internacionais, desenvolveu relações com os outros jardins congéneres, em diversos países, promovendo trocas de sementes, plantas e madeiras.
Responsável por uma profunda reestruturação do Jardim Botânico, é a Júlio Henriques que se deve também a introdução do trabalho de Charles Darwin em Portugal e o retomar do reconhecimento científico das antigas colónias.

Adolpho Frederico Moller
[n. Lisboa, 1842 – m. Coimbra,1920]

O trabalho de Adolpho Moller teve grande importância para o desenvolvimento das ciências naturais, quer através do seu trabalho de divulgação da botânica à antropologia, quer das suas explorações científicas a vários locais do país e no estrangeiro.
Neste âmbito, destaca-se o seu contributo para o conhecimento científico de S. Tomé e Príncipe. O relatório do material recolhido pelo inspector do Jardim Botânico de Coimbra na sua expedição de quatro meses inclui uma colecção de plantas vivas, madeiras, rochas e objectos antropológicos.
Em Coimbra, o seu trabalho foi determinante para o engrandecimento do Jardim Botânico como instituição e no papel que este teve na promoção da agricultura colonial, nomeadamente na cultura da quina. No âmbito da silvicultura, foi ele que deu o primeiro grande impulso à arborização de Portugal, promovendo a criação dos viveiros florestais do Choupal e Vale de Canas.


Luís Carrisso
[n. Figueira da Foz, 1886 – m. 1937, deserto do Namibe]

Luís Wittnich Carisso foi botânico e Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. A estas funções juntou-se o cargo de director do Jardim, Laboratório e Museu Botânico de Coimbra que assumiu por ocasião da jubilação de Júlio Henriques.
Durante a sua direcção, o Jardim Botânico foi muito enriquecido com novas plantas, nomeadamente com plantas africanas, a maioria originárias de Angola.
O seu interesse e paixão por Angola levaram-no a empreender três expedições botânicas a este país. Empenhou-se no estudo da flora desta ex-colónia portuguesa tendo organizado grandes colecções de plantas para herbário, que foi publicando em sucessivas edições do Boletim da Sociedade Broteriana e que resultaram na publicação do Conspectus Flora Angolensis.
O Herbário da Universidade de Coimbra desenvolveu-se enormemente sob a coordenação de Luís Carrisso, quer a partir das suas próprias colheitas, quer pelas muitas herborizações que mandou efectuar em Portugal e nas ex-colónias.

António Rocha da Torre
[n. Meadela, Viana do Castelo, 1904 – m. Santo Tirso, 1995]

Licenciado em Farmácia e em Ciências Histórico-Naturais pela Universidade de Coimbra, foi em Vila Cabral (actual Lichinga, província de Niassa) que iniciou a sua vida profissional como farmacêutico em Moçambique, em Junho de 1933.
De Julho de 1940 a finais de 1944 foi comissionado para servir a então Junta de Missões Geográficas e de Investigações Coloniais, para fazer o Reconhecimento Fitogeográfico de Moçambique.
Nas suas numerosas missões botânicas a Moçambique recolheu mais de 19 000 espécimes botânicos.


Aurélio Quintanilha
[n. Santa Luzia, Angra do Heroísmo, 1892 – m. Lisboa, 1987]

Aurélio Quintanilha foi professor universitário e investigador de renome internacional nas áreas da genética, da biologia dos fungos e da cultura do algodoeiro.
Opositor ao regime do Estado Novo, foi aposentado compulsivamente em 1935. Viveu em França e depois em Moçambique, onde durante quase duas décadas se dedicou à investigação da cultura do algodão.
As investigações que levou a cabo no Centro de Investigação Científica Algodoeira (CICA) conduziram a grandes sucessos no melhoramento do algodoeiro, que resultaram num desenvolvimento da cultura do algodão em Moçambique e Angola.
Foi agraciado com inúmeros prémios científicos e integrou várias sociedades científicas, designadamente a Sociedade Broteriana , a Société Mycologique de France, a Deutsche Botanische Gesellschaft, etc.

Jorge Paiva
[n. Cambondo, Angola, 1933]

Jorge Paiva, o nosso cicerone, é licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Coimbra e doutorado em Biologia pela Universidade de Vigo.
Foi investigador principal no Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, onde leccionou diversas disciplinas, tendo também leccionado, como professor convidado em várias outras instituições.
Como bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC) trabalhou durante três anos em Londres nos Jardins de Kew e na Secção de História Natural do Museu Britânico. Como botânico tem percorrido a Europa, particularmente a Península Ibérica, Ilhas Macaronésicas, África, América do Sul e Ásia.
Pertenceu à Comissão Editorial e Redactorial da Flora Ibérica (Portugal e Espanha) e da Flora de Cabo Verde, assim como de algumas revistas científicas. Tem sido colaborador (estudo de alguns grupos de plantas superiores) de algumas floras africanas, como a Flora Zambesiaca (Moçambique, Malawi, Zimbabwe, Zambia e Botswana) e a Flora of Tropical East Africa (Quénia, Tanzania e Uganda).
Como ambientalista é reconhecido pela defesa do meio ambiente, elemento activo de várias associações e comissões nacionais e estrangeiras e grande divulgador da ciência.

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