no trilho dos naturalistas em África

 A fotografia que enquadra este blogue foi tirada há 85 anos durante uma missão de exploração botânica a Angola organizada por Luís Wittnich Carrisso, botânico e professor da Universidade de Coimbra. Esta viagem, entre Junho e Outubro de 1927, foi a sua primeira incursão pelo continente africano e causou-lhe tal impressão que, ainda em Angola, desenhou com detalhe o seu regresso a este país.
Em 1929, voltou a Angola acompanhado por outras 20 pessoas, entre professores e alunos das instituições de ensino superior portuguesas. Este grupo ecléctico constituiu a “Missão Académica a Angola”, que percorreu mais de 6.000 km ao longo de todo o país. A experiência foi relatada por Carrisso com deslumbramento:
a extensão, as belezas e a diversidade da costa; a subida abrupta ou gradual da costa até ao planalto; a vastidão do planalto com as suas paisagens tão variadas e de climas tão diferentes […]; os rios ora correndo remansosos, ora rápidos, ora despenhando-se em cataratas de grande altura; […] os indígenas com os seus pitorescos hábitos e a sua posição perante a vida; […] a flora onde existiam provavelmente muitos taxa ainda não descritos; a fauna entrevista na região da Palanca Negra […]; os extraordinários recursos [económicos] existentes.
Dessa diversidade de experiências conserva-se o registo cinematográfico pioneiro de Maximino Correia, professor de Medicina em Coimbra e grande amigo de Luís Carrisso. O vídeo que aqui incluímos é uma montagem curta do filme original, que pode ser visualizado na íntegra na Biblioteca Digital de Botânica.
Inauguramos este blogue com um filme porque é de filmes – da sua construção, conteúdos, pessoas, viagens – que vos vamos dar conta neste diário digital. Um registo diversificado da produção de uma série de quatro documentários sobre as expedições científicas realizadas por naturalistas da Universidade de Coimbra em África, especialmente em Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Como investigadores do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, a trabalhar em botânica e ecologia das plantas, consideramos essencial partilhar com o grande público o espólio científico e pessoal acumulado pelos cientistas que nos precederam nesta instituição. Em conjunto com a produtora Terratreme Filmes, trabalharemos na transferência deste imenso património histórico, mas de grande actualidade quer para nós, quer para África.
A diversidade das plantas e a sua ecologia, a ciência colonial e o seu legado e o percurso histórico e científico dos naturalistas-exploradores envolvidos serão abordados de forma científica para o público geral. Esta série será transmitida na RTP2, RTP África e RTP Internacional e o jornal Público irá acompanhar o projecto com uma série de conteúdos editoriais.
Mas mais pormenores (muitos mais!) daqui para a frente, ou melhor, para sul…
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