O mar… sempre

CapaMar

Numa altura em que não se pode falar em mar sem pensar em plástico e refugiados, João Pedro Mésseder devolve-nos o prazer de desfrutar dessa imensidão de água salgada, inspiradora, rica, misteriosa e retemperadora. Com emoção e saber.

“Apesar de no livro haver um pequeno poema que fala ‘da tragédia dos refugiados e dos migrantes, que tentam atravessar o Mediterrâneo e que morrem’, a grande maioria dos poemas apresenta, acima de tudo, ‘uma relação solar como mar’”, escreveu a Lusa, depois de uma conversa com o autor em Outubro de 2019, antes ainda da publicação do livro.

O poema que dá título à obra chama-se Quantas letras o mar tem? “— Quantas letras o mar tem quando escreves? — Em Português conto três,/ três ou quatro em Alemão,/ em Inglês conto três/ como três em Espanhol/ e também três em Francês…/ — Muito diz em poucas letras. / — Tão poucas para tanto mar.

Ana Biscaia acompanha mais uma vez o poeta, num “ensaio visual” guiado pelas suas palavras, mas não condicionado ao que é dito. Também a ilustradora, expressando-se com talento, leva o leitor a sentir o sabor e o ondular da água fresca. E este só pensa em brincar na água.

MioloMar

O mar, o meu mar/ todo o mar do mundo ao meu encontro/ mar meu, centro./ Mergulho no mar. Entro?/ Ou entra em mim o mar?”, escreve-se no poema Mar.

O livro vai ser distribuído a todos os alunos do 2.º ciclo da Figueira da Foz, com o apoio da Câmara Municipal, da Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz, da Administração do Porto da Figueira, da Operfoz e de outras empresas do concelho. Um bom exemplo de iniciativas que promovem a leitura e apoiam editoras independentes com obras de boa qualidade literária e gráfica.

Também a Lua tem lugar num livro envolvente e com trechos a pedir para serem cantados. Apetecia escutá-los numa melodia alegre. Lua de sal: “Lua de sal que vigias/ do céu o meu caminhar,/ essa brancura que é tua/ ao mar a foste buscar?”

À agência Lusa, o autor disse que, nos poemas, “está a memória dessas escritas ondulantes [de Sophia de Mello Breyner e Afonso Lopes Vieira] que fazem do mar um espaço de viagem e de aventura, de partidas e de chegadas e de ligação entre os povos”.

Um livro para leitores de qualquer idade, desde que consigam imaginar as conchas de vieira como “leques com que as sereias/ se abanam/ nas tardes de calor”.

Venha daí e mergulhe connosco em Poucas Letras, Tanto Mar.

Poucas Letras, Tanto Mar
Texto: João Pedro Mésseder
Ilustração: Ana Biscaia
Edição: Xerefé
84 págs., 10€

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A página Crianças completa foi divulgada assim na edição do Público de 8 de Fevereiro. Com sugestões de actividades do Guia do Lazer. (Paginação de Ana Fidalgo.)

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