Resumo na contracapa: “Metade deste livro fala de amor e a outra metade também. A meia voz, a meia luz, sem meias palavras nem meios termos, um menino faz a sua primeira declaração de amor.” Para se perguntar depois: “Quem nunca esteve apaixonado? Quem nunca acordou meio estremunhado, a meio de uma frase, e teve vontade de correr meio mundo pela sua cara-metade?”
Está dado o tom feliz do que se passa lá (e cá) dentro. Um jogo eficaz de palavras, que são lançadas num ritmo acelerado, como um coração apaixonado que palpita a grande velocidade. Ora escutem: “Passei a manhã a meio gás. Meia carcaça numa bochecha, meio copo de leite na outra, perdido, meio cá, meio lá, pois nada em mim queria saber do mundo, quanto mais de carcaças ou de leite (só de ti).”
Também as ilustrações funcionam como peças que procuram encaixar-se, algumas até trazem recados inscritos. [Não é o caso da que trazemos aqui… terão de ver o livro em papel.]
Voltemos ao menino apaixonado: “Metade de mim queria acreditar que sim, a outra metade gritava que não, mas lá fui partido ao meio/ despenteado/ uma meia de cada cor (reparei depois)/ ao teu encontro, eu que há meio século não pensava noutra coisa senão (em ti).”
O encontro lá se deu e a coragem não faltou. Resultado: “… era já perto da meia-noite, mas em mim o sol brilhava como se fosse meio-dia”.
Um livro romântico, sim, mas não piegas e que traduz bem o desconserto e euforia de quem se apaixona. Tenha a idade que tiver.
Metade, Metade
Texto: Isabel Minhós Martins
Ilustração: Madalena Matoso
Edição: Planeta Tangerina
40 págs., 12,50€
(Texto divulgado na edição do Público de 2 de Março, na página Crianças.)
Aqui fica a página completa, muito bem composta por Sandra Silva com as ilustrações de Madalena Matoso.