Cada estação, seu paladar

CapaEstações

Primavera, Verão, Outono, Inverno. Já não são muito nítidas todas as características das quatro estações do ano que nos cabem a esta latitude, mas Manuela Leitão e Catarina Correia Marques recuperam poeticamente os sinais, os tons e os sabores de cada uma delas. Sem preferências, antes contemplando e respeitando o que nos oferecem.

Escreve-se (com verdade) na contracapa: “Para que as plantas floresçam na primavera, é preciso que, antes disso, o inverno as embale na terra, que o outono lhes espalhe as sementes ao vento, que o verão lhes amadureça os frutos. Os animais vão e vêm, conforme faz mais frio ou mais calor, e até nós nos comportamos de maneira diferente, com alegrias e afazeres próprios de cada tempo. Nenhuma estação faria sentido sem as restantes. Bom mesmo é sabermos contemplar a beleza de cada uma delas – essa espécie de poesia de que nos apercebemos não só com os sentidos, mas, sobretudo, com o coração.”

Comecemos pelas cerejas, um fruto da Primavera que aqui se evoca com uma tradição de muitas famílias de as usar como brincos. “Quando ela come cerejas,/ Daquelas gordas, vermelhas,/ Põe sempre quatro ou cinco,/ Como se fossem um brinco,/ A enfeitar as orelhas! // (Eu sei, eu sei… A minha mãe, às vezes, parece uma criança!)”

Passemos agora por uma esplanada, que é Verão: “Desculpe,/ Posso fazer-lhe o pedido?…/ Traga-me um dia comprido, / Em copo alto, de vidro,/ Com gelado,/ insetos e flores. (…)” Seguem-se pedidos de melão, ameixas, coco ralado e, “no fundo do copo, um pêssego alaranjado”. E porque o sol está forte há-de ser preciso uma sombrinha.

Veado

Vamos depois passear nas serras, que o Outono já chegou e traz com ele um belo menu serrano: “Fui à serra da Lousã,/ Levei comigo a Isabel:/ Comemos castanhas assadas,/ Comprámos um frasco de mel. // Fui à serra de Montesinho,/ Levei comigo o Edgar: /Almoçámos cogumelos/ E lanchámos um folar (…)”

O passeio estender-se-á ao Gerês (caldo verde e aletria), à serra de Santa Bárbara (funcho e doce Dona Amélia), da Estrela (pão de centeio e requeijão) e à serra de Monchique (batata-doce, bolo de alfarroba e figos).

E eis que chega o Inverno, a encerrar o desfile das estações. Com ele, vêm as romãs: “Comi uma romã/ De pernas para o ar./ será por isso que me estou a apaixonar?”

Centrámo-nos nos frutos, mas poderíamos ter escolhido as árvores, as flores, a temperatura ou as aves. Muitos elementos e cenários compõem as páginas deste livro, que alia com eficácia aprendizagens e fruição — estética e literária. Só para lembrar, estamos no Outono.

Poemas para as Quatro Estações
Texto | Manuela Leitão
Ilustração | Catarina Correia Marques
Edição | Máquina de Voar
48 págs., 11,95€

(Texto divulgado na edição do Público de 25 de Novembro, na página Crianças.)

PáginaEstações-page-001

Aqui fica a página completa, com sugestões de actividades culturais para toda a família. Via Guia do Lazer.

Deixar um comentário

O seu email nunca será publicado ou partilhado.Os campos obrigatórios estão assinalados *

Podes usar estas tags e atributos de HTML:
<a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>