Depois de cem anos adormecido, um dragão desperta e prepara-se para se juntar à festa da aldeia.
“Penteou as escamas do cabelo, lubrificou as asas, borrifou-se com fragrância de morcego aluado e escolheu, de entre a sua colecção, o lacinho encarnado.” Satisfeito com a sua imagem, partiu rumo ao baile. Mas os aldeões, assustados, refugiaram-se nas suas casas.
“— Porque fogem? — perguntou-lhes. Mas as pessoas, que tremiam como varas verdes, quando viram que deitava fumo pelo nariz, trancaram as portas, fecharam as janelas e não lhe responderam.”
O dragão, no entanto, não desistiu de os conquistar e de participar na festa. Então, pôs-se a cantar. “Ao verem que sabia cantar, e muito bem, os aldeões começaram a sair de suas casas e foram-se agrupando junto da fogueira para o ouvir. Curioso! O dragão parecia um rouxinol quando cantava, um rouxinol roxo que deitava lume pela boca.”
Este foi o início de uma nova vida para o dragão, transformado agora em professor de música das crianças da aldeia. “E, claro, sempre que havia festa, ele e o coro de pequenos cantores eram os convidados especiais.”
Uma história simples que valoriza a amizade e a aceitação da diferença. O autor, Pedro Jardim, tem outras obras publicadas, nem todas para a infância, As Crónicas do Avô Chico, A Senhora da Tapada, O Monstro de Monsanto e Gigante Gigantão, mas a sua profissão principal é a de chefe na PSP, dedicando-se também a investigação criminal.
Com o Dragão Rouxinol, Pedro Jardim tem visitado muitas escolas e bibliotecas de todo o país.
O livro já tinha sido editado pela Alfarroba, em 2013, com ilustrações de Raquel Pinheiro e incluía um CD (com música, fichas, jogos e actividades).
Esta edição de autor conta com as ilustrações bem-dispostas de Natalina Cóias, que recorre a colagens de forma imaginativa e eficaz, dando textura e expressividade às personagens.
O dragão tem uma cara amável e foi uma boa ideia pô-lo sempre em companhia de um pequeno pássaro (talvez um rouxinol…). Também as guardas do livro com partituras em fundo são uma boa solução gráfica.
Natalina Cóias, além de ilustradora, é educadora de infância: “O meu mundo e o mundo das crianças é exactamente o mesmo, e é no universo delas que eu me inspiro todos os dias, em tudo o que faço (…) Gosto de histórias… de as ouvir, de as contar e de as ilustrar.”
Com Paulo Galindro, que assina o design do título, criou a Pintarriscos, um blogue que é também uma loja de materiais ilustrados.
O Dragão Rouxinol
Texto: Pedro Jardim
Ilustração: Natalina Cóias
Edição: De autor
24 págs., 12€
(Texto divulgado na edição do Público de 18 de Novembro, página Crianças)
Esta foi a página completa divulgada, com sugestões de actividades para toda a família, escolhidas em parceria com o Guia do Lazer.