Contos com ética

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Um conjunto tranquilo de contos budistas adaptados de versões tradicionais, em que os animais são quase sempre protagonistas. Explica-se no final do livro o que são jatakas, informando-se os leitores de que se trata de ensinamentos de Buda partilhados “através de contos, metáforas e lições que foram passando de mestres a discípulos ao longo dos anos”.

Diz-se ainda que: “As jatakas fazem parte da colecção de obras que preservam os princípios do budismo mais primitivo. Não pretendem dar lições, apenas inspirar uma conduta consciente e ética.”

Centremo-nos no primeiro conto: O veado dourado. Ali se conta como um veado especial pela sua cor e beleza, mas sobretudo pelo olhar, era protegido do rei Manu e esposa. “Esses olhos contêm todo o Universo”, disse a rainha.

Passaram a chamar-lhe Príncipe Dourado do Bosque. Mas o rei gostava de carne de veado e a manada que vivia perto do palácio ia perdendo os seus animais. Alguns ficavam feridos e em sofrimento porque era o cozinheiro e os seus ajudantes que os tentavam caçar, mas eram muito desajeitados.

Os veados decidiram então oferecer-se voluntariamente para serem mortos e cozinhados, um em cada dia. Até que chegou a vez de uma fêmea grávida, que pediu ao veado dourado que adiassem a sua execução até ter o filho e este se tornar crescido.

O Príncipe Dourado do Bosque ofereceu-se em seu lugar, “deitou-se no chão, inclinando o pescoço comprido sobre a pedra de execução”. Mas o rei não autorizou que o matassem, nem a mais nenhum animal da sua espécie, isto depois de conhecer a história da fêmea com um filho por nascer e de se comover com a compaixão do veado dourado.

No final do livro, há uma proposta de “jogo” em que se sugere ao leitor que imagine ser rei e depois veado. E que conversem os dois. Um exercício que ajuda a pormo-nos no lugar do outro. Para se concluir que, assim, podemos compreendê-lo “e, quando o compreendemos, podemos amá-lo”.

A cada conto, todos com bonitas ilustrações, corresponde um sentimento ou uma reflexão: Cabeça-deAmeixa (interdependência); O urso azul dos Himalaias (generosidade); O mocho que comia figos (impermanência); A Avó Pirilampo (sabedoria, único conto criado expressamente para este livro); A macaca e o crocodilo (amor).

Jatakas — Seis Contos Budistas
TextoMarta Millà
Tradução | Inês Castel-Branco
IlustraçãoRebeca Luciani
EdiçãoPequena Fragmenta
40 págs., 13,90€

(Texto divulgado na edição do Público de 20 de Maio, página Crianças.)

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A página completa ficou assim. (Obrigada, Sandra Silva.)

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