Uma narrativa sobre a vaidade e como ela nos pode deixar sozinhos. Todos conhecemos a pergunta e a história que a celebrizou: “Espelho meu, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu?” Pois aqui o desfecho é idêntico, a diferença é que o egocêntrico é o próprio espelho. Mas nem sempre foi assim. “Era uma vez um espelho que vivia numa casa grande com muitos quartos e muitas salas. (…) Por ele desfilavam pessoas muito importantes, pessoas menos importantes, pessoas magras, gordas, altas, baixas, felizes, tristes. Mas a todos o espelho dizia palavras calorosas, mesmo àquelas que estivessem zangadas ou mal-humoradas.”
O pior foi quando o próprio espelho se viu ao espelho. Aí, estragou tudo. Um livro que é assumidamente uma lição. Bem contada e ilustrada. As figuras aristocráticas e de rosto corado de Sebastião Peixoto já são facilmente reconhecíveis. Nem ao próprio espelho escapam duas bochechas vermelhuscas. Mas o ilustrador também sabe transmitir atmosferas sombrias, como as que encerram o livro. Apreciámos as guardas, que no final “limpam” os espelhos.
Se não há mal em alguém querer sentir-se bonito, a verdade é que essa condição não decorre do mérito do “jeitoso”. Mesmo que acordem despenteados e não sejam os mais belos, aproveitem o espelho para se desejarem um bom dia a cada manhã.
O Espelho
Texto: Adélia Carvalho
Ilustração: Sebastião Peixoto
Edição: La Fragatina
32 págs., 14,50 €
(Texto divulgado na edição do Público de 9 de Julho, página Crianças.)
Podem espreitar os perfis do ilustrador aqui e da autora ali
Retirámos estas imagens do blogue Maleta da Marieta.
Aqui fica a página completa, com as habituais sugestões de actividades culturais para a família. Consultem também o Guia do Lazer.