O primeiro poema, que dá título ao livro, começa assim: “Abre-me e lê-me. Devagar e também furiosamente./ Como quem ama. / Em troca, poesio-te.” E já não se consegue largar o livro. Álvaro Magalhães tem o dom de trabalhar as palavras, revirando-as sem cerimónia, mas nunca as distorcendo, antes clarificando-as. E ali ficamos nós deixando-nos “poesiar”.
“Dá-me um grão de um grão de vento,/ um arco de ouro, um astro mudo,/ todas as palavras que uma palavra tem/ e poesia-me até ao fim do tempo, de tudo. Depois, também.”
Este 18.º volume da Colecção Biblioteca Álvaro Magalhães é ilustrado por Cristina Valadas, uma artista cuja expressão plástica sintoniza muito bem com textos poéticos. São geralmente composições de elementos que traduzem leveza e movimento, como se se passeassem sobre as folhas de papel. A ilustração da capa, embora seja uma boa síntese do que se vai encontrar no interior da obra, não é a nossa preferida. Apostaríamos antes na imagem que acompanha o poema Não é para compreender.
Deixamos aqui mais um pedaço de poesia: “(…) O amor é assim. É assim o amor./ Uma experiência arriscada/ que pode dar para o torto;/ mas se não te acontecer/ podes crer que estás tão vivo como um morto.” Poesia-me! convida à observação, à reflexão, ao humor e ao amor. O que é que se pode pedir mais de um livro?
Poesia-me!
Texto: Álvaro Magalhães
Ilustração: Cristina Valadas
Edição: ASA
56 págs., 10,90€
(Texto divulgado na edição do Público de 7 de Maio, página Crianças.)
Aqui fica a página completa. Mais sugestões para actividades em família no Guia do Lazer.