Continuamos a ser mães, mesmo quando eles já têm 18 anos

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Antecipando o Dia da Mãe, que se assinala no próximo domingo, 1 de Maio, aqui fica um texto que escrevemos para a secção Família e Relações do site Life&Style do Público. (Foto de Win McNamee/Getty Images/AFP.)

Lá por serem adultos, não deixam de ser nossos filhos. É-se mãe para sempre.

Quando se fala de mães e se assinala o seu dia, as atenções dirigem-se invariavelmente para as que têm filhos bebés, ainda crianças ou, no máximo, para as que começam a aperceber-se do que a adolescência implica e exige. Pouco se fala das mães de adultos. Mas a verdade é que a maternidade não acaba quando os filhos chegam aos 18 anos. É-se mãe para sempre.

A frase mais inesperada que alguma vez escutámos sobre a experiência de se ser mãe aconteceu quando ainda segurávamos a criança pela mão, embora ela já soubesse caminhar. “O seu filho está tão giro… Parabéns! Aproveite agora, que eles depois perdem a piada toda.” A perplexidade foi tal que até o pequeno rapaz reteve a ideia e, já adulto, repete a frase, com humor, de cada vez que as coisas azedam. Tornou-se mesmo uma piada familiar, que ajuda a atenuar conflitos. “Já sabiam que eu ia perder a piada toda…” Mas não foi assim.

Ser-se mãe, hoje, de um jovem adulto tem até muita piada. Seja pelo que se aprende sobre livros e séries de ficção (Guerra dos Tronos ou Walking Dead), redes sociais (Instagram e Snapchat), seja pelo que nos é revelado de talentos nacionais humorísticos, de que César Mourão é a mais recente descoberta (Rebenta a Bolha, Rádio Comercial).

Na música, fica uma mistura de felicidade e perplexidade por escolhas como Led Zeppelin, Queen e Beatles, que voltamos a escutar em colunas portáteis “ligadas” ao telemóvel e que são companhia diária do “menino” durante os duches. A que acresce a facilidade com que aprendem a tocar um novo instrumento via Youtube, depois de se cansarem do que optaram pela via formal no Conservatório.

No desporto, mesmo mantendo a modalidade que escolheram lá atrás, já sabem distinguir o treinador e o clube que melhor lhes serve, libertando-nos de mais uma tarefa, nem sempre fácil ou pacífica.

Na escola, gerem os seus tempos, saberes, estudos e avaliações. E começam a falar com cada vez mais conhecimento e entusiasmo: das matérias, dos professores, dos colegas e do mundo. Fica difícil acompanhá-los. E ainda bem.

É bom ser-se mãe de um adulto. Mudam-se os receios, mudam-se as vontades. O maior receio é o de que os papéis se invertam mais adiante e os filhos e filhas se vejam perante a necessidade de andar com os pais ao colo ou de levá-los pela mão. Ainda que o façam com boa vontade. Para esses filhos e filhas-mães, uma palavra especial neste dia, que também é deles.

Por agora, ainda vamos contrariando a frase que escutámos há uns anos. Ter filhos continua a ter muita graça.

(Mais prosa escrita noutros anos, quando se assinalou o Dia da Mãe: “Fazemos tudo pelos filhos, até assistir a um directo de Nuno Markl, 2015; “Mães à distância, 2013; “Ser mãe não é obrigatório, 2012.)

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