“A história que vou contar passou-se há muito e muito tempo, numa terra que muitos arados revolveram, muitos pés pisaram, muitos rios sulcaram, muitas árvores cobriram, muitas secas secaram.” É este o delicioso estilo de António Torrado, autor que publicou este conto pela primeira vez em 1972. Agora, vem acompanhado pela beleza e sensibilidade das ilustrações de Cristina Carvalhas, também ela com um estilo que a diferencia das modas de ilustração contemporânea.
O Veado Florido é uma história sobre a liberdade, escrita numa época em que só pronunciar a palavra era perigoso. Um senhor rico estava rodeado de “uma colecção singular de animais nunca vistos”. Trazidos pelos criados, habitavam gaiolas douradas. Um dos exploradores que forneciam os animais ao palácio descobriu um veado de hastes floridas e logo o caçou, na mira de avultada recompensa. Não teve sorte.
Assim que se sentiu preso, o veado perdeu as flores. Mesmo na Primavera, “as hastes continuaram secas como raízes arrancadas da areia”. Só quando o homem rico desistiu de todos os animais e enxotou também o veado, é que as hastes de novo se “cobriram de folhas luzidias, quase transparentes, e de flores muito brancas”. O homem rico nunca as viu. Ainda bem.
O Veado Florido
Texto António Torrado
Ilustração Cristina Valadas
Edição ASA
32 págs., 9,90€
(Texto divulgado na edição do Público de 12 de Março, página Crianças.)
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