Espelhos ou extensões de nós próprios, assim são as casas que habitamos. E às vezes desejamos levá-las tal qual para outros lugares. A menos que vivamos numa caravana, satisfazemos esse desejo forte de mudança alterando a nossa geografia e recriando noutro espaço o ambiente que nos faz sentir “em casa”.
Neste livro do sempre poético Davide Cali, é a própria casa que decide erguer-se do chão e levantar voo. “O dono estava perplexo. Jamais lhe tinha passado pela cabeça que uma coisa destas pudesse acontecer. Estava convencido de que as casas estavam fixas ao seu lugar.”
Seguir-se-ão vários pedidos de ajuda a diversas entidades e um périplo pelo absurdo da burocracia em que as sociedades actuais se transformaram. Até que o homem se decide a perseguir a sua casa e a aceitar o lugar onde pousou. Um lugar que lhe é bem conhecido, mas a que há muito não regressava: a infância.
A Casa Que Voou conta com as ilustrações de Catarina Sobral, que ali repete perfis, objectos e ambientes que reconhecemos de outros livros, não numa repetição preguiçosa, mas numa identidade amadurecida. Esta obra, informa a editora, já tem direitos de publicação noutras moradas: China, Coreia do Sul e França.
A casa e o homem escolheram viver agora naquele lugar onde moramos para sempre, por mais endereços que coleccionemos enquanto a vida perdura.
A Casa Que Voou
Texto: Davide Cali
Ilustração: Catarina Sobral
Edição: Bruaá Editora
28 págs., 14€
Para poderem ver mais imagens do livro, voem… até à Bruaá.