Logo ao início, o autor interpela-nos directamente. “Este é um livro sem bonecos. Se calhar até vais achar que um livro sem bonecos não tem graça nenhuma. Talvez pareça um bocado chato e sério. Só que…”
E a partir daqui o adulto que estiver a ler o livro a uma criança vai ter de se sujeitar a dizer palavras estranhas e difíceis de pronunciar, como “pluurf” ou “ga-uááco”, frases como “eu sou um macaco que aprendeu a ler sozinho” e terá também de cantar.
Tudo isto se passa entre dois níveis de leitura: o do texto propriamente dito e o da perplexidade e relutância de quem se pôs a contá-lo. Especificando: quando o texto diz “e agora está na hora de cantar a minha canção favorita!”, surge em letras mais pequenas a frase: “Uma canção? Tenho mesmo de cantar uma…” Ao virar da página, lá estão as colcheias e uma letra de canção disparatada.
Um livro divertido, bom para brincar com as palavras e com os miúdos. O jogo gráfico entre vários tipos de letra e cores resulta muito bem. O Livro sem Bonecos foi escrito pelo actor americano B.J. Novak, que, além de participar em filmes e de os realizar, faz stand-up comedy.
Na contracapa do livro, deixa um aviso: “Se uma criança vos pedir que lhe leiam este livro, está a pregar-vos uma partida. Vão acabar a dizer coisas tontas e a fazer toda a gente rir à gargalhada. Não digam que não vos avisei…”
O Livro sem Bonecos
Texto: B.J. Novak
Tradução: António Carlos Andrade
Edição: Editorial Presença
56 págs., 10,90€
(Texto divulgado na edição do Público de 17 de Outubro, na página Crianças.)
Para conhecer melhor o autor e actor, visite o site One More Thing.