Receber uma mensagem de socorro numa garrafa de vidro a flutuar no mar não será o ponto de partida mais original para iniciar uma história. No entanto, o mistério e o inesperado da situação continuam a soltar a imaginação e a alimentar a criatividade do pequeno leitor. Aqui com um propósito acrescido: levá-lo a tomar consciência de que ele e o mar são muito importantes um para o outro. Ou não fizesse este livro parte do projecto Sailors for the Sea, que nasceu “como uma resposta ao desrespeito para com os mares e os oceanos”.
A história: Abel e a sua avó Eunice aceitam o pedido de ajuda que o mar lhes enviou através de uma garrafa mágica e de dois insistentes, persistentes e impacientes gansos-patolas. Juntos hão-de fazer-se ao mar no barco do avô do rapaz, que um dia não voltou para terra. Apenas têm as coordenadas geográficas de um lugar que sabem situar-se no Atlântico. Hão-de descobrir então uma ilha de lixo.
Terá sido um sonho de Abel? Será que ficou inconsciente com a queda e imaginou tudo isto? Talvez os gansos-patolas tenham razão: “Estes humanos… parece que só percebem as coisas quando batem com a cabeça!”
A Garrafa Mágica tem um texto claro que, mesmo tratando de um tema sério, consegue ser divertido nalguns momentos. As ilustrações adequam-se bem à narrativa, mas não se limitam a desenhar o que está escrito. Recriam com eficácia ambientes marítimos e náuticos, sem deixar de transmitir emoção. Apetece ir para perto do mar.
A Garrafa Mágica
Texto: Sara Rodi
Ilustração: João Henriques
Edição: Publicações Dom Quixote
122 págs., 8,85€
(Texto divulgado na edição do Público de 12 de Setembro, página Crianças.)
Sara Rodi assina um blogue chamado Coisas de Pais. Mora aqui.
Para conhecer melhor o ilustrador João Henriques, este é o caminho.
(Não sabemos o autor da foto. Confessamos no entanto que a roubámos… da página do Facebook do ilustrador. Ai ai!)