Imagine que é um cacto, precisa de um abraço e a sua família não é dada a manifestações de afecto. Pior, a última vez que se aproximou de alguém que admirava foi um desastre, os seus picos deram cabo do seu amigo mais recente. E todos o acusaram por isso.
É esta a triste e comovente realidade de Filipe, que nasceu numa família que “só se preocupava com as coisas erradas”. Importante era “parecer bem”. Por isso, ensinaram-no “a ficar sossegado, a dar o exemplo e a acreditar que um dia iria subir na vida”. Não percebiam a importância de um abraço. O pequeno, carente mas decidido, não desistirá de encontrar quem o afague e acarinhe. E há-de encontrar quem precise do mesmo.
Simona Ciraolo é italiana, vive em Londres e tem formação em cinema de animação. As suas imagens não têm muitos elementos, mas uma boa composição na página. Pequenos pormenores e algum humor dão-nos conta dos sentimentos da planta solitária. Ora mais infeliz, ora mais determinada. Neste livro, consegue falar da solidão, da diferença e da indiferença sem grandes dramatismos, mas com sensibilidade.
Nunca mais olharemos da mesma maneira para quem nos pica. Afinal, pode estar apenas a precisar de um abraço. O que não é pouco.
Quero Um Abraço
Texto e ilustração: Simona Ciraolo
Tradução: Rui Lopes
Edição: Orfeu Negro
32 págs., 13€
(Texto divulgado na edição de 23 de Maio do Público, página Crianças, claro!)
Para conhecer melhor os trabalhos da autora, siga-nos.
(Já abraçou alguém hoje?)