Acordem-me quando isto acabar

Estranhão

(Mais um título que roubámos a um livro em atraso… aqui no Letra pequena. Ainda bem que a boa literatura não azeda e estamos sempre a tempo de a divulgar e ler. Uma bela colecção assinada por Álvaro MagalhãesCarlos J. Campos. Remete para o Diário de Um Banana, mas em melhor.)

O segundo volume de O Estranhão já anda por aí. Para quem não conhece Fred, aqui fica uma explicação resumida, que nunca será suficientemente esclarecedora (é mesmo preciso ler os livros): um rapaz de 11 anos, com um QI elevado, um sentido de humor inesperado e grande clarividência, vai dando a conhecer o seu quotidiano.

Presentes estão a sátira e o humor, perceptíveis em vários níveis de leitura. Exemplificando com a frustrada candidatura do rapaz a cartoonista de um jornal: “Caro Frederico, Adoramos os teus desenhos, mas não podemos publicar material de menores. Cá te esperamos quando fizeres dezoito anos.”

Eis a resolução do protagonista: “Arranjei uma nova data de nascimento e fiquei com 35 anos, um curso de design gráfico, um currículo bestial. Ou seja, deixei de ser um rapaz que escrevia e desenhava como se fosse um adulto, para ser um adulto que escrevia e desenhava como se fosse um rapaz. Era o que eles queriam, pareceu-me.” E pareceu-lhe bem. O mundo anda tão “estranhão” como Fred.

O rapaz apaixona-se por Inês e, na praia, toma um banho de “realidade impiedosa”. Aparece “um belo rapaz, a pingar água, com uma prancha de surf”. A verdade cruel: “Estava com ela. No meu lugar, portanto.” Ficou Fred dramaticamente condenado a “cem anos de solidão”. Muito bom.

O Estranhão 2 – Acordem-me quando isto Acabar
Texto: Álvaro Magalhães
Ilustração: Carlos J. Campos
Edição: Porto Editora
192 págs., 15,50€

(Texto divulgado na edição do Público de 28 de Fevereiro, página Crianças.)

Estranhão1

Há por aí um vídeo que mostra bem de que trata esta colecção (reproduz-se aqui a capa do primeiro volume). Vejam.

O perfil de Facebook do ilustrador (que também é escritor) está aqui. E o de Álvaro Magalhães está nesta morada.  Embora ele raramente esteja em casa…

Um comentário a Acordem-me quando isto acabar

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