Transformar a tristeza em algo maior

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Uma deusa triste, um deus sábio e muita água. Salgada e doce. “Dizem os mais-velhos que a chuva nasceu das lágrimas de Ombela, uma deusa que estava triste”, escreve o autor angolano Ondjaki. É bonito de ler e de acreditar. Mas também de ver. Como o permitem as ilustrações de Rachel Caiano, que tão bem desenha rostos negros e fortes para esta narrativa curta e intensa, assim como nos reenvia sem cerimónia para atmosferas de outros continentes.

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Em Ombela, ficamos a saber de dores no peito e de como a tristeza também diminui (“apequena”) os deuses maiores. E não se deve fugir das lágrimas. “Não te esqueças de chorar — lembrou-lhe o pai.” E disse mais: “Assim como a lua tem muitas faces e no mundo faz inverno e verão, também nós, os deuses, não podemos sempre estar felizes.” Um livro que soará diferente às crianças mais urbanas e europeias, mas que, tão sábias como o deus pai de Ombela, se irão render à magia do momento em que a água cai  do céu.

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Este livro molhado tem apresentação marcada para hoje (7 de Fevereiro) em Cascais, integrado no 1.º Encontro de Literatura Infanto-Juvenil da Lusofonia, às 16h30, na fundação O Século (S. Pedro do Estoril). Autor e ilustradora vão lá estar. Se não chover no mar, Ombela não está triste. Se estiver, há-de passar. Como a chuva, também a tristeza se transformará em algo maior.

Ombela, a Origem das Chuvas
Texto: Ondjaki
Ilustração: Rachel Caiano
Edição: Caminho
40 págs. 12,90€

(Texto divulgado na página Crianças da edição do Público  de 7 de Fevereiro.) 

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