Pormo-nos na pele do outro é sempre um bom exercício de aprendizagem — sobre o outro e sobre nós próprios. Este livro convida o leitor a pôr-se “no pêlo” do outro, pois é de um gato que se trata.
As suas actividades preferidas, “ronronar junto à lareira”, “apanhar sol nos telhados”, “brincar com novelos de lã”, são apresentadas por oposição às de um possível dono/amigo, que gostaria mais de “saltar poças em dias de chuva”, “ir de férias para a praia”, “brincar com balões e pistolas de água”. O que o gato não queria mesmo: “Não ia gostar que me pusesses laços para mostrares o quanto gostas de mim. Preferia que me fizesses cócegas na barriga.”
Desta maneira delicada e divertida, Paloma Sánchez Ibarzábal faz uma reflexão sobre os equívocos nas relações entre os seres, da mesma espécie ou não. Dados adquiridos de quem se vai esquecendo de respeitar os desejos dos outros e os considerar iguais aos seus. Tudo isto acompanhado de ilustrações feitas em papel e cartão, às vezes pintado com acrílico, de uma grande expressividade e dinâmica.
Pela capa, Anna Llenas conquista de imediato as crianças (e os outros). O estudo gráfico das várias situações em que representaria o gato vem expresso nas guardas do livro. Adorável. Apesar de todas as diferenças, chega-se a uma bela conclusão: “Se eu fosse um gato, há uma coisa que não mudaria: seria sempre teu amigo!”
Se Eu Fosse Um Gato
Texto: Paloma Sánchez Ibarzábal
Tradução: Ângela Barroqueiro
Ilustração: Anna Llenas
Edição: OQO Editora
40 págs., 13,50€
(Texto divulgado na edição de 1 de Março do Público, página Crianças.) Leiam mais sobre este livro na OQO Editora.