Uma história sobre o tempo que alguns de nós, os mais sábios, sempre arranjam para os amigos. O Senhor Bonifácio, ainda que muito ocupado com as múltiplas tarefas no Jardim Zoológico, consegue sempre jogar uma partida de xadrez com o elefante (que pensa devagar), fazer corridas com a tartaruga (que ganha sempre), partilhar o silêncio junto do pinguim (que é envergonhado), cuidar do nariz do rinoceronte (que pinga a toda a hora) e, ao pôr do Sol, ainda lê histórias à coruja (que tem medo do escuro).
“Um dia, porém, o Senhor Bonifácio acordou a fungar, a espirrar e a tremer de frio. Sentou-se na cama, mas as pernas doíam-lhe tanto que voltou a aninhar-se debaixo do cobertor.” E não foi trabalhar. Sentindo a falta do amigo, os animais puseram-se a caminho de sua casa. O elefante esperou pacientemente cada jogada lenta do Senhor Bonifácio, a tartaruga aceitou não fazer corridas, o pinguim aqueceu-lhe os pés, o rinoceronte deu-lhe um lenço para se assoar e a coruja contou-lhe uma história antes de apagar a luz, porque o Senhor Bonifácio também tem medo do escuro.
Este livro, que valoriza com humor e delicadeza a amizade e a reciprocidade das relações, ganhou a Caldecott Medal. E, como nasceu das mãos de um casal — Philip Stead escreveu e Erin Stead, a sua mulher, ilustrou —, ainda se torna mais bonito.
O Dia em Que o Senhor Bonifácio Ficou em Casa Doente
Texto Philip C. Stead
Tradução Rita Graña
Ilustração Erin E. Stead
Edição Editorial Presença
32 págs., 12€
(Texto divulgado na edição do Público de 28 de Dezembro, na página Crianças.)
Para conhecer melhor os autores, há que visitar dois lugares: o dele (Philip Stead) e o dela (Erin Stead).
A imagem do interior do livro que aqui se reproduz foi retirada de um blogue que também vale a pena visitar (e não é só hoje): Hipopómatos na Lua.