Um rei algo original na forma (com ares de pavão), mas vulgar na essência: quer mandar em tudo, acha-se o mais sábio e não deixa os outros falar. “Por que é que não te calas?”, dirá a um pequeno elefante durante uma das suas rotineiras caçadas em terras longínquas. “Eu é que sou o rei, eu é que sei!” — o seu lema maior — traduz na perfeição o perfil do monarca.
No entanto, é-nos apresentado assim: “Era uma vez um rei narigudo, que era muito pateta, mancava de uma perna e era careca.” Semelhanças com a realidade estarão bem longe de ser coincidência. Mas (pero) o público-alvo, as crianças, não se aperceberá disso. Nem precisa. Por enquanto. Para a maior parte dos pequenos leitores, tratar-se-á de uma lição para um rei malvado, que, depois de disparar contra os elefantes, voou pelo ar, aterrou na lama e ficou entregue aos mosquitos. Mau perdedor, ainda fez uma birra: “Eu é que sou o rei, eu é que sei!”
O Rei Vai à Caça é o décimo livro da editora Tcharan, que hoje será apresentado, às 16h, na Livraria Papa-Livros (Porto), pelas autoras. Os originais das ilustrações de Marta Madureira estarão ali expostos. Atente-se no elefante e desfrute-se do belo efeito do uso das mãos pintadas de azul na sua representação.
“Eu é que sou o rei, eu é que sei!” Presupuesto.
O Rei Vai à Caça
Texto Adélia Carvalho
Ilustração Marta Madureira
Revisão Carlos Nogueira
Edição Tcharan
24 págs., 12,90€
(Texto divulgado na edição de 21 de Setembro do Público, página Crianças.)
Letra pequena “surripiou” as ilustrações que aqui vemos do blogue O Palácio da Lua. De Sílvia Borges Silva. Visitem-no que vale a pena (e isto não é má consciência, é opinião verdadeira).
A Papa-Livros fica na Rua Miguel Bombarda, 523, Porto.