A Mulher Que Matou os Peixes
Texto Clarice Lispector
Ilustração Flor Opazo
Edição Relógio D’Água
48 págs., 12€
“Essa mulher que matou os peixes infelizmente sou eu”, começa logo por confessar a autora brasileira. Mas não fique o leitor a pensar que se trata de uma pessoa malvada e insensível. Nada disso. Foi um acidente e Clarice Lispector espera obter o perdão de todas as crianças que a escutam do outro lado das páginas. Até pede aos pequenos leitores para se apresentarem: “Digam baixinho o nome de vocês e o meu coração vai ouvir.” Conta depois como sempre viveu rodeada de animais e como até tem dificuldade em livrar-se de baratas. “Tenho pena das baratas porque ninguém tem vontade de ser bom com elas.”
Só mesmo no final se fica a saber o que aconteceu aos dois “vermelhinhos” que ficaram à sua guarda. Um texto que cativa imediatamente o leitor, que se sente convidado a participar numa reflexão com a autora e a apaziguar uma culpa que se crê genuína. Numa altura em que a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, acolhe uma exposição sobre a escrita de Lispector, eis um bom momento para adultos e crianças ficarem a conhecer o talento de uma mulher que revelou sem temor as inquietudes que trazia dentro de si.
Era ao fixá-las em texto que se esquecia de tudo o resto, mesmo das tarefas mais simples. Como dar comida aos peixes e mudar a água do aquário. Por nós, está perdoada.
(Texto divulgado no Público de 6 de Março de 2013, página Crianças.)
A Alegre História de Portugal em 90 Minutos
Entre banda desenhada e gargalhadas, a comédia de Mauro Toledo apresenta 75 personagens que se destacaram na História de Portugal, quase em correria, a miúdos e graúdos. O encenador inspirou-se na colecção História Alegre de Portugal (Bertrand), onde Artur Correia adapta textos do séc. XIX de Manuel Pinheiro Chagas à BD, contando num segundo volume com a colaboração de António Gomes de Almeida. M/6.
Lisboa Teatro Bocage – Rua Manuel Soares Guedes, 13ª. T. 214788120; sábado às 16h. Até 27-04. 6€
Uma escolha do Guia do Lazer.