A Ilha
Texto João Gomes de Abreu
Ilustração Yara Kono
Edição Planeta Tangerina
48 págs., 12,90 euros
Os ilhéus de uma ilha normal queriam ser iguais aos continentais. Não que estes fossem muito diferentes daqueles, mas sempre tinham outros penteados, outras roupas e outra maneira de falar. “Não havia dúvida, ser continental é que era bom!”, pensavam os habitantes da ilha, “com uma praia, uma floresta e, no centro, uma montanha com a cratera de um antigo vulcão”. Determinados, lançaram-se à construção de uma ponte que a unisse ao continente. E não se detiveram a pensar na distância que os separava, na profundidade do mar nem na altura que precisava de ter para que os navios pudessem continuar a navegar. Já para não falar na necessidade de grandes quantidades de matéria-prima. Enfim, um daqueles projectos talhados para a “derrapagem”. (Onde é que já vimos isto?) O autor, João Gomes de Abreu, estreia-se na escrita com A Ilha e tem “uma costela madeirense”, diz a editora, que assegura que “este livro não é sobre a ilha da Madeira”. O texto é claro e irónico, fazendo os leitores sorrir: os mais novos por uns motivos e os mais velhos por outros. Yara Kono assina as ilustrações, que revelam sentido de humor, talento e criatividade. Uma obra para ser lida por ilhéus e continentais. E porque não em cima de uma ponte?
(Texto divulgado no Público de 25 de Agosto, página Crianças.)