… que é o nosso. Aproveitemo-lo.
Viagem a Um Mundo Fantástico
Texto Jostein Gaarder
Tradução Maria Luísa Jacquinet
Edição Editorial Presença
116 págs; 7,56 euros
O nome do autor, Jostein Gaarder, remete para leituras mais “crescidas”, como o Mundo de Sofia ou o Enigma e o Espelho. Mas aqui, em Viagem a Um Mundo Fantástico, a aproximação ao leitor infantil faz-se com a mesma naturalidade e igual identificação de outros títulos e narrativas. Lik e Lak são dois gémeos que vivem no planeta Sukhavati. Um lugar onde o tempo passa, mas não conta. Por lá, ninguém envelhece. Oliver e Olivia são os mentores das crianças e contam-lhes a história de um outro planeta: a Terra. E é para lá que os irão enviar em missão: “Vocês têm que dizer aos seres humanos que o mundo é um conto. Percebem o que vos quero dizer? Um grande conto.” (…) “Lá dentro, pensam que o mundo é uma coisa óbvia. Chamam-no ‘realidade’, e está tudo dito! Muitos seres humanos nem sequer sentem alegria pelo facto de viverem. Dizem que se aborrecem. Criaturas ingratas! E pensar que nós levámos centenas de milhares de anos para criar tudo isto.” Os irmãos, uma rapariga e um rapaz, terão alguma dificuldade em integrar-se no meio dos humanos, mas irão contar com a ajuda de duas crianças, pois claro. As únicas disponíveis para aceitar o que está para lá do visível. “Alguma vez pensaste no que está para além das estrelas? O que é que fica para além de todas as coisas?” Um livro divertido e sério ao mesmo tempo. Põe o leitor a tomar consciência de que anda ocupado com uma série de coisas que não interessam mesmo para nada. Quanto aos gémeos, acabarão por querer sentir o passar do tempo. E escolhem envelhecer. Connosco.
(Texto divulgado na edição do Público de 7 de Abril, página Crianças.)