Perante o texto que escrevemos a propósito de Quando Eu For… Grande, em que lamentávamos a falta de um “de” na frase final, recebemos um pedido de esclarecimento público da autora, Maria Inês Almeida: “Gostava que os leitores do Público e do seu blogue conhecessem esta minha explicação, para ficarem cientes de que não cometi um atropelo linguístico.”
Aqui está ele:
“Embora eu reconheça que canonicamente a regência do verbo implica a preposição ‘de’, resolvi adoptar na circunstância (e porque se tratava de comunicar para uma audiência infantil) a linguagem mais corrente, um plebeísmo que hoje em dia já é aceite pelos filólogos, o que quer dizer que as duas fórmulas são possíveis e gramaticalmente admissíveis. Posso invocar o que se diz na pág. 521 da 4.ª edição da ‘Nova Gramática do Português Contemporâneo’ de Celso Cunha e Lindley Cintra (Lisboa, Edições João Sá da Costa, Lisboa, 1987): ‘Também não é raro na língua actual o tipo sintáctico esquecer-se que, com eclipse da preposição.’ Citam-se depois na mesma página exemplos de Gilberto Amado (‘Toma esta chave, e não te esqueças que o seu poder é sobrenatural’ — ‘A Chave de Salomão e outros escritos’, Rio de Janeiro, José Olympio, 1963, p. 5), Castro Soromenho (‘Um homem acostuma-se a tudo, sim, a tudo, até a esquecer-se que é um homem…’ — ‘A Chaga’, 2ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 1979, p. 66) e Alves Redol (‘Esquece-se que não tenho outra companhia…’ — ‘Barranco de Cegos’, 4ª ed., Lisboa, Europa-América, 1973, p. 296).”
Afinal, Rita Pimenta, falta o "de" ou não falta o "de"? Quem tem razão? Não seria de pedir desculpa à Maria Inês Almeida?