Não é um livro fácil. Talvez por isso tenha sido recusado por vários editores antes de chegar às mãos das crianças (em 1956). São três momentos, três cenários e três materiais. A noite na cidade (papel negro), o amanhecer no prado (papel vegetal) e o escurecer na gruta (papel cinzento e rugoso). O leitor é guiado por um gato que se deslumbra por um pirilampo e o persegue. Até à noite seguinte. Se como objecto é um livro admirável; como narrativa, nem tanto. Na divulgação, a editora explica: “Para entendermos o livro Na Noite Escura, devemos começar por dizer que no princípio era o livro ilegível: um género de livro sem texto, cujas imagens abstractas se vão transformando ao folhear as páginas, seguindo o mesmo processo dos fotogramas.” Pois. E o leitor (pelo menos o adulto) apercebe-se de que está perante uma experiência. O que agrada a alguns e não a outros. Mas a verdade é que esta obra acabou por se tornar num marco na história da ilustração, cujo autor foi um reconhecido designer italiano de livros para crianças (Bruno Munari — 1907-1998), que criou também inúmeros objectos de produção industrial e stands para exposições. Siga o pirilampo (e o gato).
Na Noite Escura
Texto e ilustração Bruno Munari
Tradução Miguel Gouveia
Edição Bruaá Editora
56 págs., 22 euros
Conheça melhor o livro aqui.
A página Crianças (completa) que saiu na edição de sábado do Público vem já a seguir (desculpem o atraso).