“Fuma cachimbo que se farta, é meio louco, gosta de História e usa palavras difíceis. É o Tio João. Uma caricatura do autor, João Aguiar, que faz parte das personagens da colecção O Bando dos Quatro, editada pela Asa.” Foi assim que quem está deste lado do ecrã começou o texto que o leitor/visitante pode ler na íntegra se clicar na página que se vê daqui.
Em Dezembro de 1998, João Aguiar recebia-nos em sua casa para um trabalho que iria juntar várias conversas com diversos autores de livros para crianças (a primeira vez que conseguimos um “razoável” tempo de antena para o assunto) e que intitulámos “Escrever para menores de 18”.
“Desculpe lá recebê-la de pantufas, mas não consigo manter os pés quentes de outra maneira. Parece-lhe mal?”, disse-nos logo à chegada, com um ar meio teatral e divertido. “Não tem importância”, respondemos, e brincámos: “Quando o fotógrafo chegar, trataremos de registar para a posteridade esse pequeno apontamento de reportagem…”
Estava desbloqueada a conversa. A partir daí, foi só conversar, rir, posar (“livre-se de me fotografar os pés”) em jeito de Tio João (com o inseparável e malvado… cachimbo).
João Aguiar contou-nos que nunca tinha lido Enid Blyton e que não sabia andar de bicicleta. Quando lhe perguntámos a razão por que estaria convencido de que ler é bom, deu uma resposta que Letra pequena cita muitas vezes em sessões de promoção da leitura: “O que distingue um rebanho de um eleitorado é a cultura e a imaginação.”
Depois deste encontro, tivemos um outro no Porto, de que resultou um texto publicado no Mil Folhas, a propósito da edição de O Sétimo Herói, mas estamos demasiado tristes para o ir recuperar hoje.
(Adeus, Tio João e muito obrigada.)
Mais noticiário sobre o autor aqui.
Obrigada, Rita
É sempre com tristeza que vemos partir as pessoas com talento. Os que ficam, têm o dever de continuar; quanto mais não seja divulgar o seu nome e a sua obra.