… que tudo se passou. A tertúlia Luísa Ducla Soares: 100 Livros + 1 deu-nos uma tarde bem passada.
(Embora o blogue Letra pequena seja suspeito… sabe que não está sozinho nesta avaliação.)
Luísa Ducla Soares foi muito viva a contar episódios da sua vida, como as visitas que fazia em criança, na companhia do pai (médico), a pessoas doentes. “O meu pai ia à casa dos doentes contar-lhes anedotas e eu ia com ele”, lembrou divertida “e fazia-lhes bem aquelas visitas”. Atribui o humor dos seus textos a esse espírito a que se habituou a viver, mas esclareceu: “Isso não significa que a vida esteja sempre a correr-me bem. No entanto, é assim que as histórias me saem.”
Também recordou que, no trajecto até à casa dos pacientes, o pai (que tinha muito boa memória) lhe contava livros quase inteiros de cor. “Ele fazia citações enormes do Aquilino [Ribeiro]. Muitas coisas eu nem percebia, mas gostava da música daquelas palavras.”
Mais tarde, as histórias que Luísa Ducla Soares contava ao irmão, 10 anos mais novo e muito exigente, habituaram-na a imaginar personagens e a construir narrativas sólidas. “Uma espécie de Sherazade de trazer por casa”, disse, acrescentando, bastante expressiva: “Uma durou três anos. E, quando ele não gostava, dava-me caneladas!”
A autora contou que o facto de ter recusado em 1972, por motivos ideológicos, o prémio atribuído pelo Secretariado Nacional de Informação (SNI) com a publicação de A História de Uma Papoila (“então eles censuravam-me os textos e depois queriam premiar-me?”) acabaria por dar um impulso na sua carreira de escritora. “Quem estava logo abaixo do editor era o Saramago. Sim, o Nobel. Que me disse: ‘Pois se não quer receber o prémio, acho muito bem. Mas eu quero seis livros seus aqui durante o próximo ano’.”
Ainda bem que assim foi. Daí ter chegado aos 100 Livros + 1, que afinal naquela tarde se revelou serem +3. Um deles é o que se segue, Comprar, Comprar, Comprar! Ilustrado por Maria João Lopes.
Obrigada a todos os que nos ajudaram a organizar, aos que participaram e aos que assistiram.
(Não relatamos aqui as outras intervenções para não tornar esta mensagem demasiado extensa. Afinal, a tertúlia deveria ter terminado às 18h e só abandonámos a exposição muito pertinho das 19h… já só estávamos nós e os seguranças.)
(A primeira foto foi tirada por Fernando Ladeira quando Cristina Paiva, da Andante, lia um texto da autora, O Guarda-Chuva. Uma delícia de texto e de actuação.)
(A segunda foto foi tirada por Isabel Andrea no momento da intervenção da ilustradora Teresa Lima. Muito clara e interessante.)
Atenção que a Ilustrarte termina neste fim-de-semana. Ponham-se a caminho do Museu da Electricidade, antes que seja tarde (desculpem lá a rima…)