Helena Melo convida hoje os leitores do Público a assistir ao espectáculo O Rapaz do Espelho, no Porto. Leiam o que escreveu na página Crianças (caderno P2).
Numa noite de Verão, em Odense, na Dinamarca, Hans Christian Andersen, então com 11 anos, viu que estava a nevar em casa do vizinho. Mais tarde, soube que o Senhor das Neves encomendara um manto ao alfaiate e, como este não ficou pronto a tempo, zangou-se e roubou-lhe a alma… O Pé de Vento estreia hoje, no Teatro da Vilarinha, uma peça a partir do livro O Rapaz do Espelho – O melhor conto do jovem Hans Christian Andersen, com encenação de João Luiz. Interpretação de José Pedro Ferraz, Paulinho Oliveira e Rui Spranger. Maiores de 6.
(O livro é da autoria de Álvaro Magalhães.)
Porto Teatro da Vilarinha (R. da Vilarinha). Tel.: 226108924
Sáb. às 16h e 21h30. Dom. às 16h. 3ª a 6ª às 11h e 15h (escolas). Até 28 de Março. Bilhetes de 3,40 a 10 euros
O nosso espaço na página foi preenchido com os dois livros que se seguem.
Mais um título integrado na colecção Histórias Tradicionais Portuguesas recriadas por Alice Vieira. São dois contos. O primeiro fala de um sapateiro muito trabalhador e alegre, mas pobre. Um vizinho rico tenta dar-lhe dinheiro, que dissimula entre presentes, mas nunca consegue porque ele partilha sempre as prendas com outros. Ainda assim, o sapateiro acaba por enriquecer, só que a vida começa a não correr lá muito bem. Uma discutível teoria do “pobrete mas alegrete”… No segundo conto são todos ricos. Um rei tem três filhas e é muito orgulhoso, acabando por desprezar a filha que lhe adivinhou o futuro. Abandonada, fica ao cuidado de um pássaro verde, que afinal é um príncipe. No final, há perdão e alegria. A forma como a autora reconta estas histórias é muito interessante. Torna-as poéticas e claras, mas sem as simplificar. Pierre Pratt encontra aqui uma expressão muito feliz dos ambientes e personagens da narrativa. Grande aplauso para as guardas do livro cheias de sapatos.
O Sapateiro/ O Pássaro Verde
Autor Alice Vieira
Ilustrador Pierre Pratt
Editor Caminho
36 págs., 14,70 euros
Alexandre Parafita é um estudioso da tradição oral e aqui reúne quatro histórias recolhidas à volta do diabo. Na que se intitula O lencinho mágico, uma menina, de tanto ser mandada “prò Inferno”, acaba por decidir ir mesmo para lá. Fica no entanto a saber que, se conseguir tirar o lencinho vermelho do bolso do demónio que lá mora, pode fugir e pedir tudo o que quiser. Esta história foi contada ao autor em 2004 por Ilda Paredes (74 anos), de Macedo de Cavaleiros. Noutro conto, fica a saber-se que: “Sempre o Diabo usou de cautelas/ à beira de garotos e capelas.” As pessoas que transmitem estes contos ao autor, no que considera ser um “riquíssimo património imaterial”, têm a feliz designação Narradores da Memória. Neste livro, os malandros dos demónios acabam sempre derrotados. Ainda bem.
Contos ao Vento com Demónios Dentro
Autor Alexandre Parafita
Ilustrador Miguel Gabriel
Editor Plátano Editora
32 págs., 9,95 euros