A Winged Chariot foi a primeira editora a levar o livro ilustrado ao iPhone em 2009. O primeiro foi o título The Surprise, adaptado pela autora holandesa Sylvia van Ommen. Neal Hoskins lembrou a acelerada difusão de aparelhos como o iPhone e o iPod junto dos mais jovens e de como a prática de partilhar o uso destes suportes em família se está a implantar fortemente. Por isso, viu aí uma oportunidade de negócio, enfrentando todas as resistências de um mercado conservador e rígido como é o britânico. Os responsáveis pela Winged Chariot decidiram então arriscar e criaram o projecto Stories to Touch.

Outro dos motivos que os movem é a quase ausência de traduções (para inglês) de outras línguas europeias, vendo aqui uma possibilidade de dar a conhecer autores, ilustradores e culturas de um modo “democrático e barato”. Por agora, descarregar um livro custa à volta de 0,65€ (sim, 65 cêntimos).

Não se propõe substituir o livro em papel, mas conviver com ele. “Para já, estamos a adaptar livros que já existem, mas a ideia é também criar histórias já pensadas para serem divulgadas neste suporte, desfrutando de todas as suas potencialidades”, disse o editor em São Domingos de Rana. Falou ainda nos desafios pedagógicos, como o ensino de línguas, de vocabulário e outras valências que este meio permite.

Gerou-se um debate interessante sobre as diferenças entre o papel (livro enquanto objecto) e o virtual, com algumas pessoas entusiasmadas com as novas possibilidades e outras um pouco receosas com as implicações no mercado livreiro (na linha “video killed the radio star”).
Sem ser impositivo, Neal Hoskins reforçou a ideia de que “os meios estão aí, a tecnologia não volta atrás e não podemos ignorá-la”. Lembrou de novo como este pode ser um bom caminho para a divulgação global de autores e ilustradores.