A contraluz
A Ilha Encantada é uma versão para jovens de A Tempestade, de William Shakespeare, (Relógio D’ Água) criada por Hélia Correia.
Escreve a autora, à entrada do livro, sob o título “No mistério do texto”: “Compare-se esta peça com um sol. O poder dos seus raios tem gerado um sem-número de novas criações. Porém, o centro permanece opaco e arde a temperatura inacessível. É o mais enigmático dos textos do mais enigmático dos autores. Sobre Shakespeare escreve-se sempre a contraluz, lidando apenas com a silhueta. Ninguém pode afirmar que lhe avistou nem a biografia nem o rosto — e, quanto à obra, as dúvidas abundam. Sobre esta Tempestade, há que dizer que permanece estranha aos nossos olhos e aos nossos ouvidos.”
Com a honestidade que a caracteriza, Hélia Correia questiona-se: “Pergunto sempre que traduzo qualquer coisa: ‘Será que ‘Ele’ ficaria zangado se visse isto?’”
Texto incluído no programa da peça, encenada por João Ricardo para o Teatro Nacional D. Maria II, em 2005.