Rugas são memórias
Quase sempre desprezadas, disfarçadas ou esticadas (com os tristes exemplos de figuras públicas que se conhecem), as rugas correspondem a episódios vividos por quem as traz no rosto. Uma espécie de materialização do tempo que nem o ilustrador mais talentoso conseguiria desenhar com tamanha precisão e profundidade.
Histórias Escritas na Cara, Cada Avó É Um Livro de Contos (escrito por Isabel Zambujal, ilustrado por Madalena Ghira e editado pela Oficina do Livro) fala-nos disso mesmo. Uma avó vai contando à sua neta Clara a que correspondem os sulcos que transporta nas faces.
“As rugas que nasceram por causa de coisas boas, quero que fiquem para sempre no meu rosto para me reavivarem a memória.” (…) “A essas, que contam histórias feias, mimo-as com um bom creme, fazendo-lhes festas para que sosseguem, percam a raiva e fiquem tão serenas que se deixe de dar por elas”, (pág. 26).
Rita,Que doces suas palavras também! Fiquei comovida com seu recadinho em meu contoscantoseencantos.blogspot.com e mais emocionada ainda ao voltar aqui e me deparar com esta dica maravilhosa! Faço um traqbalho voluntário com um grupo de idosos, pacientes de Alzheimer, no Hospital Universitário, aqui em Brasília. Um trabalho que começou a partir de um conto meu, publicado na edição deste mês da Revista Crescer – Editora Globo, que se dedica aos temas ligados à infância e juventude. O Conto, chama-se “Caixinha de Guardar o Tempo” e começamos a fazer com eles as caixinhas em que reconstroem, a partir de retalhos de memórias e lembranças do passado, um presente que aos poucos vão perdendo por conta da doença. Fiquei muito interessada no livro de sua dica. Você sabe dizer se posso encontrá-lo aqui no Brasil?