No centro do centro da Terceira: o “único vulcão visitável no mundo”

Terá sido a terceira ilha açoriana a ser descoberta mas é com ela que inauguramos esta viagem especial pelos arquipélagos portugueses e, como que querendo abençoar este nosso périplo, chove copiosamente desde que aterrámos no aeroporto das Lajes (não podendo evitar os caprichos da meteorologia, mais vale tentar ver o copo meio cheio, não é?).

IMG_5299nfsPor isso, também aqui, dentro do centro do centro da Terceira, as pingas caem incessantes. Estamos no Algar do Carvão, principal ex-líbris turístico da ilha, o “único vulcão visitável no mundo”. Quanto entramos no interior desta imponente chaminé vulcânica ficamos-lhe sensivelmente a meio: para cima, um cone de rochas multicolores e luxuriante vegetação vai-se fechando sobre as nossas cabeças, terminando num círculo aberto ao céu; para baixo, uma escadaria leva-nos até nova câmara vulcânica (onde, por vezes, se realizam concertos – e a música ambiente testemunha a boa acústica do espaço) e, lá no fundo, as águas pluviais vão-se acumulando numa lagoa, a cerca de 80 metros de profundidade. Está frio dentro da terra, dentro do vulcão. E chove quase tanto como na rua.

Esta estrutura vulcânica terá sido formada em duas fases, a primeira há três mil anos, durante a grande erupção do “Pico Alto”, no aparelho vulcânico de Guilherme Moniz, já existente, e que derramou as suas lavas até grandes distâncias, formando sectores de rocha traquítica. Mais tarde, uma nova erupção, agora basáltica, rasgou o solo e a lava saiu, voltando depois a escorrer para dentro da cratera, quando a erupção parou abruptamente. Nas paredes ainda conseguimos ver vestígios desta escoada, assim como zonas com grandes formas arredondadas, criadas pelas bolsas de gás que se formaram no interior e que explodiram nesta altura.

Segundo a associação Os Montanheiros, organização não governamental que gere turisticamente o Algar do Carvão e a Gruta do Natal (a cerca de seis quilómetros de distância), o primeiro relato de uma descida ao interior desta chaminé vulcânica data de 26 de Janeiro de 1893, com a utilização de uma corda. Só em 1968 é construído o primeiro túnel e em 1973 a escadaria que existe actualmente.Algar do Carvão, Terceira, Açores. Fotografia: Nuno Ferreira Santos

Mara Gonçalves (texto) e Nuno Ferreira Santos (fotos) viajam com o apoio da Direcção Regional de Turismo dos Açores

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4 comentários a No centro do centro da Terceira: o “único vulcão visitável no mundo”

  1. Dizer que é o “único vulcão visitável no mundo” é um perfeito disparate, abuso, não passa de uma falta de cultura açoreana …. e ainda fala a nível Mundial !?.

    Procurem Furna do Enxofre na Caldeira da Ilha Graciosa . monumento natural protegido com papel passado e tudo (ver Diário da República)

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  2. Não é o único vulcão visitável no mundo, seja lá o que isso quer dizer. Basta uma pesquisa no google para encontrar formações com as mesmas características na Islândia. E nem é preciso ir tão longe: a Caldeira da Graciosa e a sua Furna do Enxofre são um vulcão visitável. É lamentável promoverem estas maravilhas geológicas com estas mentiras.

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  3. Dizer que é o “único vulcão visitável no mundo” é um perfeito disparate. E nem é preciso ir muito longe. Por exemplo, logo na ilha ao lado (Graciosa) há outro vulcão visitável.

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