Tenho a certeza de que suspiraria no alto daquele que é agora o maior arranha-céus da Europa ocidental mas em vez disso acabei a suspirar naquele que é o mercado mais antigo de Londres. Foi uma bela troca só possível graças à nega que levei à entrada no Shard.
Pois é, julgava eu que andar de alpercatas estava na moda. E eu que gosto tanto das minhas: são giras, confortáveis, vão bem com tudo. Então em Londres foram preciosas, tendo em conta que nesta cidade uma pessoa facilmente se distrai e acaba a andar quilómetros de um lado para o outro.
Mas dizia eu que me negaram a entrada no Shard. É que a segurança que estava à porta olhou para mim, olhou para os meus pés, e nem dois segundos foram precisos para que me dissesse: “Peço desculpa, receio que não possam entrar de ténis”.
Para quem não sabe, o Shard, uma torre piramidal com 310 metros de altura, é uma das mais recentes atracções em Londres. É um edifício de 95 pisos assinado pelo arquitecto italiano Renzo Piano. Tem escritórios, um hotel, três restaurantes e, no alto de tudo, um observatório. Subir ao topo é possível mas não é barato. Convém reservar a visita com alguma antecedência no site do edifício e o bilhete ronda os 30 euros.
Não tendo feito nada disto – e tendo muita falta de vontade de gastar o dinheiro do almoço numa subida de elevador para ter uma bonita vista de Londres –, o plano era apenas beber um copo num dos restaurantes do Shard. Para subir aos restaurantes, que ficam entre o 31.º e o 33.º piso, é também preciso reservar mas se for apenas para beber um copo, pode-se subir.
Mas nada disto aconteceu e as alpercatas acabaram por deixar-me às portas do céu do Shard. E ainda bem. É que se calhar, se não tivesse levado aquela nega, não teria acabado a beber um copo, e já agora a almoçar, em Borough Market, que é o mais antigo mercado de Londres.
Fica a poucos metros do Shard, ali entre a Tate Modern e a Tower Bridge, quase junto ao rio, e é uma maravilha. Mas uma maravilha mesmo.
É um mercado com as habituais bancas de legumes, frutas, peixes, carnes, e queijos, tantos queijos. E o melhor é que podemos provar quase tudo porque nos oferecem.
E é ainda o local ideal para se fazer uma pausa da cidade, ideal para comer, para beber, ou apenas para descansar.
Há ingredientes e pratos dos vários cantos do mundo, dos noodles à salsicha alemã, das massas aos doces turcos. E para beber a variedade é igualmente grande: há sumos naturais, sangria, vinho, cerveja. Tudo , sublinhe-se, a preços muito convidativos. É ver os senhores de fato na sua pausa para o almoço ali no meio dos turistas ou das famílias que aqui fazem as compras.
Tudo somado, ainda bem que não subi ao Shard. Percebi, aliás, que o Borough Market é uma óptima alternativa a qualquer coisa, principalmente no que diz respeito à comida. O bem que soube aquela espécie de wrap com frango grelhado!
Conheça o mercado aqui: boroughmarket.org.uk.
p.s. – Com o entusiasmo, esqueci-me de fotografar.