Volta a Portugal a comer, beber e pedalar

Comer, beber e pedalar. É este o mote dos passeios criados pelo português João Correia, ex-ciclista profissional, que até já mereceu a distinção de ter o melhor passeio de bicicleta do mundo segundo a revista internacional “Bicycling”.

De 8 a 15 de Setembro, pedala-se por Portugal e o jornalista Miguel Andrade vai partilhar dia-a-dia as suas aventuras enquanto pedala (e come) pelos caminhos do nosso país com a InGamba Tours. O Portugal Randonée partiu de Lisboa e durante sete dias o grupo de 12 ciclistas, norte-americanos, ingleses e irlandeses, e seis membros do staff, incluindo massagistas e mecânicos, percorrem Portugal, a sua comida e bebida.

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A primeira etapa só estava marcada para o dia 8 (Domingo), com partida de Sintra, mas nós, os ciclistas, tivemos de enfrentar uma etapa 0 bem difícil. Sentimos a brisa do mar, bebemos muito porque estava calor e comemos como os porcos são alimentados antes da matança, neste caso da dura semana a pedalar que se avizinhava. Desde perceves a sapateiras e até à sobremesa (prego), o jantar na Cervejaria Ramiro foi doloroso e todos tocámos na barriga para sentir se estávamos já suficientemente preparados para uma semana a “comer as milhas e a beber a cultura” (o slogan da InGamba é “eat up the miles, drink up the culture”). Depois, fomos contemplados como uma noite de descanso e paz no Palácio Belmonte, que fica dentro do Castelo de S. Jorge.

Vista do quarto do Palácio Belmonte

Vista do quarto do Palácio Belmonte

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Enquanto todos estavam ansiosos por começar a pedalar, deixámos o Palácio Belmonte e rumámos a Sintra, na carrinha da ex-equipa profissional Liberty Seguros – que cedeu o meio de transporte à agência InGamba, além de um carro de apoio para as etapas – alguns dos ciclistas tiveram a sua primeira impressão com as bicicletas usadas durante a viagem. Estas não são bicicletas umas quaisquer, são Pinarello Dogmas, usadas por vencedores de Voltas a França, e que podem chegar aos 6000€.

Todas as bicicletas - Pinarello Dogma - têm o nome do ciclista

Todas as bicicletas – Pinarello Dogma – têm o nome do ciclista

Depois dos últimos ajustamentos mecânicos às bicicletas, selim para cima, guiador para baixo, enchemos os bolsos das camisolas (cada camisola de ciclismo tem três nas costas) com biscoitos com marmelada, waffles ou pequenos pastéis de feijão, tudo preparado pelo massagista, Raúl, que correu como ciclista profissional e participou em 15 Voltas a Portugal. Também nos foram dados bidons com água e com bebida energética para colocarmos nos suportes das bicicletas.

Paragem para café na Esplanada do Restaurante das Furnas, na Ericeira

Paragem para café na Esplanada do Restaurante das Furnas, na Ericeira

Mas tudo isto foi bonito até que começámos a pedalar. Durante o percurso tive todo o tipo de sensações que os profissionais têm numa etapa de uma Grande Volta: desde pedalar em pelotão, trabalhar num grupo na perseguição a uma fuga e até mesmo perder o contacto com alguns ciclistas e não conseguir voltar a alcançá-los.

E durante os 105km, a principal dificuldade nem foi o terreno de sobe e desce mas sim o vento. Depois da Ericeira alguém carregou no botão e ligou uma ventoinha que nos fazia ficar parados no mesmo sítio. Desde ventos cruzados que metiam medo pois faziam-nos sentir pequenos abanões na roda da frente, ou os ventos de frente que nos massacraram as pernas até à chegada instalada na Pousada de Óbidos. Todos os ciclistas queixaram-se do quão difícil tinha sido o primeiro dia e para se aperceberem da dureza, quase que adormeci no chuveiro depois da etapa.

Passeio pelas muralhas do Castelo  de Óbidos

Passeio pelas muralhas do Castelo de Óbidos

Apesar de termos tido tempo para conversar, ainda fomos para a massagem, que mais parece um confessionário, já que os massagistas estão lá para nos ouvirem e darem conselhos para os dias seguintes.

Depois de um passeio pela vila de Óbidos e pelas muralhas, fomos jantar cheios de apetite ao restaurante Tasca Torta. Nem de propósito, o prato principal foi uma degustação de polvo, bacalhau e choco, que nos fez lembrar ainda mais do vento e dos pescadores quando apanham tempos difíceis no mar. Para terminar a noite, nada soube melhor do que uma ginjinha para hidratar e uma dormida como rainhas e reis na Pousada de Óbidos

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Miguel Andrade viaja a convite da InGamba Tours

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