Chegar à Chapada de Veadeiros depois de quatro dias em Brasília causa uma sensação estranha. Em Brasília tudo é arquitectura, betão (aqui chamam-lhe “concreto” e mais concreto seria difícil), formalismo e ordem. Na chapada tudo é terra, cerrado, mata e um caos bom, nas ruas com nomes de frutos e nas casas pequenas e carregadas de cor do povoado de São Jorge, porta de um parque natural com 65.500 hectares e que, pela sua biodiversidade, a UNESCO inscreveu na lista do património mundial em 2000.
Percorrendo as margens do Rio São Miguel pelo Vale da Lua encontram-se as primeiras cachoeiras, rodeadas de rochas cheias de veios de cristais e de sulcos moldados pela água corrente que no Verão, quando chegam as chuvas ao planalto central, enchem o leito de todos os afluentes e ribeiras. E por todo o lado há vegetação e aves: e com cada planta uma palavra nova (buriti, babaçu, candombá), com cada ave uma surpresa (siriema, João-de-barro, quero-quero)…
Na Chapada de Veadeiros a natureza “esbanjou beleza”, diz Manuel Pacheco, que há 30 anos trocou o Estado de São Paulo pelo de Goiás. E ele tem razão. Aqui a natureza também constrói.
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A Fugas viaja a convite da Embratur