“Vou até à Alemanha beber cerveja e comer salsichas.” Antes de ter de acordar às 5h para apanhar um avião que deixava o Porto às 6h30 em direcção a Nuremberga, brinquei com o facto de o programa de três dias incluir, mais do que uma vez, tempo para degustar cervejas e experimentar linguiça típica da região. Mas isso foi antes de aterrar em Bayreuth e visitar a fábrica de cerveja dos irmãos Maisel. E perceber que a cerveja, afinal, é um assunto muito sério por estes lados.
Os Maisel criaram a sua empresa em 1887 e construíram uma imponente fábrica em tijolo vermelho, que foi sendo apetrechada com toda a maquinaria mais moderna da época, capaz de produzir uma cerveja macia e absolutamente dourada, feita da forma mais tradicional possível: apenas com água, malte, lúpulo e cevada.
A fábrica de tijolo tornou-se, entretanto, obsoleta para as exigências da produção moderna e a família Maisel decidiu substituí-la por outra, mas sem abdicar do espaço que vira crescer a famosa cerveja de Bayreuth. Por isso, a velha fábrica deixou de produzir em 1974, mas reabriu as portas como museu em 1981. Franziska, a nossa guia, acredita que todas as máquinas deste enorme museu voltariam ao serviço, caso assim lhes fosse exigido, sem grande problema.
O museu foi um sucesso e recebe, anualmente, cerca de 25 mil visitantes. Em 1988 surgiu no Livro de Recordes do Guinness como o maior e mais compreensivo museu de cerveja do mundo.
Hoje, na cidade que se alimenta de Wagner e da nobre Wilhelmine (muito mais sobre ambos, em breve, numa Fugas perto de si), a bebida de excelência é, sem dúvida, a cerveja. E o museu que não quer perder é o Maisel. Mesmo se, depois de experimentar a sua cerveja, no bar do museu, decidir que prefere outra qualquer. Escolha não lhe falta. A nossa guia da cidade, Inge, garante que nos 60 quilómetros que separam Bayreuth de Bamberg existem 200 cervejarias. “A média é de uma cervejaria por cada 500 habitantes”. A razão? A paixão dos alemães pela bebida, com certeza, mas também a água que existe nas montanhas em redor e que é excelente para a produção da bebida dourada.
A Maisel’s Weiss, a mais famosa das cervejas dos irmãos Maisel, já consta da lista de provas. Amanhã, espera-nos a cerveja fumada de Bamberg, a famosa Schlenkerla. Os responsáveis pela sua produção defendem que este será, muito provavelmente, o mais original dos sabores da cerveja, porque na Idade Média, a secagem e cozedura dos componentes da bebida era feita com recurso a fogueiras, o que deixaria em todas as cervejas o leve sabor fumado. Há muito mais do que aquilo que seria de esperar num copo de cerveja.
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Adriano Miranda e Patrícia Carvalho viajam a convite da Ryanair