Depois de um dia a caminho do Inverno, um dia a caminho do Verão. Hoje alguma Corunha já foi à praia, na ria, entre Oleiros e Santa Cruz, pelo menos.
Nós limitamo-nos a ver as enseadas tranquilas, de vários azuis em concorrência, enquanto percorremos os caminhos da geografia caprichosa da área metropolitana corunhesa, que desenha penínsulas, transborda em cabos e línguas mar pelas Mariñas (dos frades em oposição aos condes). E encerra, por exemplo, o maior retrato de Che Guevara fora de Cuba (numa rotunda em Oleiros) ou o paço oferecido ao caudilho espanhol durante a Guerra Civil e que passou a ser, até à sua morte, a sua residência de Verão, convertendo a pequena Meiras, durante algumas semanas por ano, na capital de facto de Espanha.
Numa Corunha que se revela muito feminina (a primeira habitante foi mulher, o grande herói da cidade é uma heroína) vamos encontrar em Cambre a primeira mulher a ganhar o prémio Cozinheiro do Ano em Espanha. Isso foi há quatro anos – há três, Beatriz Sotelo e o sócio, Xoan Crujeiras, conseguiram para o A Estación uma estrela Michelin que mantêm até hoje. A estação ferroviária está desactivada, mas esta é uma paragem obrigatória no roteiro gastronómico da Galiza – a 12 quilómetros da Corunha. Mas disso falaremos depois.
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Andreia Marques Pereira (texto) e Sérgio Azenha (fotos) viajam a convite da TAP e Turismo da Corunha