Vamos serpenteando por estradas das Astúrias, aproximando-nos do íman poderoso que é o mar, descendo até à vilazinha de Cudillero. “Já vão ver como é impressionante”, garante-nos Onofre, o nosso guia do Turismo das Astúrias. Mas por mais que tentemos ter um vislumbre, a partir do carro, nada. E isto tem uma razão simples. “Só se vê a terra quando se está nela”. Nesta sexta à tarde, as Astúrias, por estes lados, explodem em mar e num verde viçoso exaltante. O sol, por agora, ajuda à festa. É nestes momentos luminosos, passado o porto moderno e os pescadores que vão chegando nos seus barcos, enquanto vamos já caminhando para o pueblo, que subitamente nos surge no seu esplendor o casario de Cudillero a subir nas alturas, encrustado nas encostas dos montes.
Chamam-lhe ‘o anfiteatro’. E está muito bem chamado. É um espectáculo em que as estrelas são estas casas que se multiplicam em cores em ascensão. E que, cá de baixo, parecem estar visceralmente unidas. Para mais, explodem em cores vivas – como manda a tradição em muita terra piscatória, as casas eram pintadas com as mesmas tintas usadas nos barcos. E, dizia, se lhe chamam anfiteatro, há que haver um palco: claro está, é o largo principal, rodeado de restaurantes e esplanadas onde o peixe e marisco parecem saltar directamente dos barcos, a meia dúzia de passos, para as mesas. A terra vive tão bem na sua concha protegida que tem um dialecto muito próprio, dentro do asturiano: tem o belo nome de pixuetu, termo que também serve para designar os seus habitantes. Naturalmente, tendo em conta a relação directa dos pixuetus com o mar, para onde a terra parece escorregar, a palavra deriva de peixe (pix, no dialecto).
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Luís J. Santos viaja a convite da easyJet, Turismo Espanhol e Turismo das Astúrias
Muito bonito
Gracias, Onofre!
Que bien lo has descrito, Luis…… Saludos
Gracias, Marimar! Un saludo