Auvérnia é terra de vulcões. Adormecidos, é certo, mas marcantes, quais bossas de camelo, pontuando a paisagem. Aqui e ali uma cratera, acolá um lago, e outro, e outro. Não há lava, a não ser nas paredes do parque temático Vulcania, e essa é de faz de conta. Mas há neve. Sim, leu bem. Neve. Pouco passava dos mil metros de altitude quando, a zero graus, ela se atirou sobre as coníferas da berma da estrada, não sei se antecipando o próximo Natal, se insistindo em celebrar o que passou. Não vimos quase nada do que nos prometia o guia de viagem, mas vimos, a dias de entrarmos em Junho, um lago de margens geladas a dizer-nos que há beleza nesta loucura de não sabermos com que clima contar. Agora, a 1880 metros do nível do mar, é invernal a paisagem, a menos de um mês do Verão. Auvérnia, Invérnia, o nome pouco importa.
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Abel Coentrão (texto) e Adriano Miranda (fotos) em Clermont-Ferrand a convite da Atout France